O governador em exercício Darci Piana participou nesta terça-feira (14) da abertura de um seminário sobre Mobilidade Sustentável promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Salão de Atos do Parque Barigui, em Curitiba. Ao longo de dois dias, os participantes têm acesso a uma série de painéis expositivos e mesas de debate, cuja proposta central é avançar em torno da pauta da eletromobilidade no transporte público da América Latina e do Caribe.
Em seu discurso, Piana lembrou que o Paraná é uma referência em sustentabilidade para o Brasil e o mundo. Ele mencionou como exemplos o fato de 98% da energia elétrica que abastece o Estado ser gerada a partir de fontes limpas e renováveis, além de iniciativas como o programa Renova PR, que incentiva a instalação de painéis de energia solar e usinas de biogás em propriedades rurais.
“O Paraná é o maior produtor de carne de frango e o segundo de carne de suínos e boa parte dos dejetos desses animais agora está sendo transformado em biogás e biocombustível, o que reduz custos aos produtores, evita a contaminação do solo e também diminui a emissão de poluentes”, disse Piana. “Agora, o Estado precisa avançar mais na questão da eletromobilidade no transporte público em parceria com os municípios, o governo federal e a iniciativa privada”.
O governador em exercício também mencionou o fato da Copel ter investido na instalação de pontos para abastecimento de veículos elétricos em diversas regiões do Estado e a presença de grandes montadoras como diferenciais que podem ajudar o Paraná facilitar a ampliação da frota movida a eletricidade. “Não podemos perder tempo em relação a eletromobilidade pois temos um dos maiores polos automobilísticos do Brasil, com grandes fábricas da Volvo e da DAF instaladas aqui, além da Copel, que é considerada a melhor empresa do setor elétrico no País”, concluiu.
Presente no evento, o secretário Nacional de Mobilidade, Denis Andia, informou que o governo federal está investindo na renovação de 2.300 ônibus das frotas municipais e em estruturas de recargas de veículos elétricos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“É o início de uma mudança de paradigma que vai atender 60 municípios em uma primeira etapa. É um passo importante dentro de uma grande caminhada que ainda precisa ser percorrida com as prefeituras, os governos estaduais e os agentes financeiros como é o caso do BID, que tem fomentado essa discussão”, comentou.
Na segunda etapa, prevista para 2025, já há demandas formalizadas por municípios de todas as regiões do Brasil. “Os gestores públicos estão demonstrando a preocupação em implantar a eletromobilidade em seus municípios, o que é bom por trazer mais segurança para os operadores e estimular o desenvolvimento da indústria nacional”, complementou o secretário.
SEMINÁRIO
Realizado nos dias 14 e 15 de maio, no Parque Barigui, o seminário do BID conta com a participação de representantes de diversos países da América Latina e do Caribe do setor de transportes e mobilidade, incluindo gestores públicos, agentes do setor privado, financiadores, organizações não governamentais e especialistas do Banco.
Na pauta, estão a troca de experiências sobre modelos de negócios para a eletrificação de frotas de ônibus, alternativas de financiamento, infraestrutura de recarga, bem como melhores práticas, estratégias recentes e desafios a serem enfrentados por diferentes cidades para o desenvolvimento da eletromobilidade como uma das possíveis soluções para promover a mobilidade sustentável na região.
De acordo com a chefe da Divisão de Transportes do BID, Ana Maria Pinto, o maior desafio é adaptar essa infraestrutura existente nas cidades para mitigar os efeitos de grande emissão de poluentes na atmosfera, o que pode ser feito a partir de boas experiências na região.
“Temos exemplos como o de Santiago, no Chile, e Bogotá, na Colômbia, que avançaram muito em relação ao tema com políticas públicas, mudanças nos mecanismos regulatórios e incentivos financeiros, que são ações que podem ser adaptadas para a realidade de cidades brasileiras e de outros países da América Latina”, declarou.
“O BID está muito comprometidos com essa agenda e dispõe de fundos concessionários que podem ser acessados pelas prefeituras, governos estaduais e o governo federal, mas também estamos trabalhando em soluções locais, ajudando a estruturar e que esperamos que se possa replicar em cada região. Isso é importante porque afeta não apenas o transporte público, mas também setores como o de energia elétrica, logística e outros segmentos econômicos”, disse.
Como anfitrião, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, disse que o transporte público da Capital e da Região Metropolitana tem sido beneficiado pela reaproximação entre o Governo do Estado e a prefeitura nos últimos anos, citando os aportes públicos que são utilizados para conter a inflação das passagens de ônibus do transporte urbano e metropolitano.
Greca também lembrou que boa parte da frota de Curitiba e região já é abastecida com biodiesel, o que é um avanço, mas que é preciso adotar a eletromobilidade como uma solução definitiva. “Temos um plano de reduzir em 30% as emissões de carbono até 2030 e de zerá-las até 2050 e para isso precisamos do apoio de todos os entes envolvidos para os veículos elétricos se tornam o padrão do transporte público”, finalizou.
PRESENÇAS
Também participaram da abertura do seminário o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel; o secretário municipal de Governo e presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luiz Fernando Jamur; o presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto; o presidente da Cohab Curitiba, José Lupion Neto; pelo BID, estiveram presentes o representante no Brasil, Morgan Doyle; a gerente-geral do Cone Sul, Florencia Attademo-Hirt; e a chefe da equipe de Projetos de Transporte, Ana Beatriz Figueiredo.