As universidades estaduais do Paraná estão envolvidas em diversas ações de combate à dengue, por meio de pesquisas, projetos de extensão, campanhas e mutirões sanitários. O aumento de casos registrados em todo território nacional, no primeiro mês de 2024, é um indicador da necessidade de combate ao mosquito Aedes aegypti, que também pode transmitir a febre amarela, chikungunya e o zika vírus.
Dados do Ministério da Saúde indicam que o número de casos de suspeita de dengue no Brasil registrados neste ano foi de 512 mil pessoas, quase quatro vezes maior do que no mesmo período de 2023. Até o momento, o vírus vitimou 75 pessoas. Conforme indicadores dos anos anteriores, os meses com maior número de casos registrados são março e abril.
O professor de Virologia Clínica, Dennis Armando Bertolini, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), explica os motivos do crescimento dos casos. “A Organização Pan-Americana de Saúde alertou os países das Américas Central e do Sul sobre a possibilidade de uma epidemia de dengue, levando em consideração o aquecimento global, as chuvas típicas, que ocorrem neste período do ano, além dos descuidos da população em relação aos criadouros do mosquito”, afirma.
O profissional, que também é responsável pelo Laboratório de Virologia Clínica do Departamento de Análises Clínicas e Biomedicina da UEM, destaca a importância das ações desenvolvidas pelas instituições de ensino superior no combate à dengue.
“As universidades públicas paranaenses auxiliam o poder público na tomada de decisão com o treinamento das equipes de saúde, monitoramento espacial de casos e, em pesquisa, analisando casos graves, criando novas opções de controle do Aedes aegypti e desenvolvendo novos tratamentos e vacinas”, disse ele.
AÇÕES
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) desenvolve diversas pesquisas relacionadas à dengue. Um exemplo é o estudo feito em 2023 por pesquisadores do Centro de Ciências Exatas da universidade, que resultou em uma forma eficaz de realizar exames de Raio-X em mosquitos. O método resulta em imagens tridimensionais que auxiliam em estudos.
Em 2019, foram dois projetos relacionados ao tema. Um foi o aplicativo desenvolvido por professores e estudantes de Ciência da Computação, Design Gráfico e Ciências Biológicas, que auxilia na prevenção a partir de um checklist para verificação de itens de casa, como água parada em potes de plantas. O outro projeto, desenvolvido por professores do Centro de Ciências Biológicas, consiste na criação de um bioinseticida, que elimina larvas do Aedes aegypti a partir do isolamento de uma bactéria.
Na UEM, várias ações de prevenção e mutirões também são realizados. Em dezembro, por exemplo, foram recolhidos dois contêineres de lixo na universidade, grande parte composta por resíduos que poderiam servir como criadouros para o mosquito da dengue, como é o caso de embalagens de alimentos, garrafas plásticas, latas de refrigerantes, sacolas plásticas e tampas plásticas.
Atualmente a universidade desenvolve duas campanhas de prevenção, a “Eco Ação” e a “UEM contra a dengue”, direcionadas para o período de volta às aulas, na universidade e nas escolas da rede pública de ensino.
Dentro do câmpus da instituição também está localizado o Laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas (Lepac), que atua na testagem e diagnóstico de doenças com alto índice de ocorrência, como a dengue. O Lepac é local de trabalho e desenvolvimento de estudos de profissionais e estudantes das áreas de saúde e atende mais de 100 municípios do Estado.
Em outra iniciativa, pesquisadores do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) desenvolveram um software para monitoramento que auxilia no controle dos focos e oferece soluções para o controle e combate aos mosquitos transmissores da doença.
Um outro projeto de extensão elaborado na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), vinculado ao programa Universidade Sem Fronteiras (USF), utiliza a combinação de tecnologia de drones e inteligência artificial para mapear áreas de risco e identificar potenciais focos de proliferação do mosquito. Os drones executam voos automáticos capturando imagens de alta resolução dos ambientes urbanos em áreas dos municípios de Andirá, Bandeirantes, Itambaracá e Santa Mariana, localizados na região Norte do Rstado.
As informações são processadas por algoritmos de inteligência artificial, capazes de identificar potenciais criadouros do Aedes aegypti, como caixas d’água, piscinas ou outros tipos de reservatórios de acúmulos de água. Ao identificar e mapear esses locais, o projeto auxilia estrategicamente na implantação de medidas de controle e prevenção.
A Universidade Estadual do Paraná (Unespar) atua de forma pedagógica na prevenção. Em Paranavaí, no Noroeste, a instituição desenvolve um projeto de educação permanente, ofertada para agentes de saúde. O objetivo é promover oficinas com estratégias educativas que cheguem à população. Os participantes produzem fantoches e os utilizam em histórias que reforçam as ações de prevenção e apresentam em creches e escolas da região.
CAMPANHAS
Anualmente as sete universidades estaduais paranaenses organizam campanhas, além de ações propostas em projetos de pesquisa e extensão, que resultam de demandas que surgem e estão relacionadas às condições geográficas do Estado e de maior incidência do mosquito.
Neste ano, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) desenvolverá ações preventivas em parceria com as ações da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Já na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) as ações acontecerão de forma conjunta entre o câmpus de Irati e os dois de Guarapuava, com início previsto para o final de fevereiro.