A cachorrinha Estopinha, considerada a primeira influenciadora pet do Brasil, do especialista em comportamento animal Alexandre Rossi, morreu, aos 14 anos, rodeada de cuidados. O tratamento dado ao animal chamou a atenção pela dedicação do tutor e ainda pela possibilidade de minimizar as dores da cachorrinha. Ela já era considerada idosa e tinha problema no estômago, que se agravou com a necessidade de tomar medicamentos após contrair uma infecção na unha. O quadro chamou a atenção para os cuidados com os animais idosos.
“Por aqui meu luto começou quando notei as mudanças no comportamento da Topa com a chegada da velhice”, declarou Rossi em suas redes sociais. Identificar os sinais de que o pet está ficando velho contribui para propiciar qualidade e ampliar a expectativa de vida. “Geralmente quando o paciente vai ficando mais velho, funciona muito como no ser humano: fica prostrado, cansando mais fácil e demonstra intolerância ao exercício, mesmo estando saudável”, explica o médico veterinário Sérgio Santalucia, também professor e idealizador do curso de geriatria de pequenos animais da pós-graduação da Faculdade Qualittas.
Santalucia acrescenta que outros sinais também demonstram que o animalzinho é um idoso, como dificuldade para enxergar, levantar e escutar, além dos pelos, que tendem a perder a coloração. Mas é preciso cautela, pois a definição de paciente geriátrico é relativa, uma vez que há diferenças na expectativa de vida para as raças e espécies. A boa notícia é que de uma maneira geral os avanços da medicina veterinária e da indústria da nutrição atreladas aos equipamentos modernos e exames cada vez mais precisos garantem longevidade. “Assim como as pessoas, atualmente os animais vivem mais”, afirma o professor.
Mas é necessário ficar atento, uma vez que a velhice requer cuidados especiais. “Conseguimos minimizar os sinais articulares e ósseos, por exemplo, com uma alimentação regrada. Também podemos evitar sobrecarga nas articulações oferecendo espaços com piso emborrachado. Essas são apenas algumas maneiras de atenuar os sinais”, exemplifica Santalucia.
Os tutores devem estar cientes, segundo o professor, de que a longevidade também traz consequências, como o diagnóstico de doenças. “Os pacientes vivem mais, então doenças que talvez não fossem diagnosticadas no passado aparecem com mais frequência agora”, afirma destacando que o câncer é uma delas. Dentre as enfermidades que mais acometem os animais idosos estão aquelas relacionadas aos problemas ortopédicos, oftalmológicos e oncológicos.
Como cuidar de um animal idoso?
O veterinário destaca que muitas vezes o animal apresenta algum sinal que às vezes pode estar relacionado à velhice, mas que pode ser uma doença renal, hepática ou até mesmo intestinal. Por isso, a qualquer sinal de desconforto é necessário procurar ajuda profissional. “Às vezes a gente acaba colocando a culpa na velhice, quando na verdade o animal tem uma doença. O tutor precisa estar muito atento a isso”, alerta. Ele cita como exemplo o paciente que urina demais, o que leva o tutor a achar que o quadro está dentro da normalidade. “Esse animal pode ter um problema renal”, exemplifica. Outros sinais que podem confundir são perda de peso e pele mais fina, ambos diretamente ligados aos problemas endócrinos. Até o soninho em maior quantidade pode ser resposta comportamental à dor. “O tutor acha que está tudo bem e o animal está literalmente sofrendo calado”, acrescenta.