Um soldado da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), da PM do estado de São Paulo, é friamente executado por um integrante de facção criminosa no Guarujá. Um assassinato de forma premeditada por um sniper, um atirador de elite, do crime organizado, a uma distância de mais de 50 metros, enquanto a vítima trabalhava na patrulha de um território dominado pelos “chefões” de facção. Não se trata de morte em confronto, em troca de tiros entre bandidos e polícia. Trata-se de execução premeditada. Uma evidente afronta às forças policiais do poder público.
Operação Escudo
Em resposta, a PM de São Paulo desencadeou a Operação Escudo na comunidade do Guarujá onde o assassinato do policial ocorreu. Até o fechamento desta edição, já são dezesseis mortos e 58 prisões. Entre os presos, o executor do assassinato e seu irmão. Dos mortos, onze já foram identificados com suas respectivas fichas criminais.
Críticas a PM
Porém, assim que a notícia veio a público sobre as mortes na comunidade, vieram as famosas “análises” na imprensa sobre uma suposta desproporcionalidade na reação policial. Boa parte da grande imprensa e seus analistas cedeu aos apelos fáceis do sensacionalismo barato, apontando “barbárie”, ”truculência”, ”violência policial” e outros adjetivos nada simpáticos a operação da Polícia Militar. O comentarista Leonardo Sakamoto, do UOL/Folha, foi um dos mais indignados contra o modus operandi da polícia. Para Sakamoto, a polícia teria de atuar de forma investigativa, ao invés de supostamente “meter o louco“ e sair matando, segundo ele, a torto e a direito. Denúncias de tortura policial também pipocaram na imprensa, o que os laudos dos corpos no IML têm negado. Josias de Souza foi outro comentarista que criticou a polícia, ”ensinando” os policiais a agirem com civilidade, a fim de não igualarem-se aos bandidos em nível de violência.
Apoio da população
Enfim, quase ninguém na imprensa tem elogiado a operação policial, ao contrário de grande parte da população como se pode conferir por meio de centenas, milhares, de comentários em redes sociais como o YouTube. A impressão que se tem é que comentaristas na imprensa entendem mais de combate ao crime, de táticas de ação policial e de investigação que a própria polícia. Só se fala em “truculência”, ”abusos” e “excessos” por parte da polícia. Parece que ignoram, ou fingem ignorar, que se trata de uma das polícias mais bem treinadas e qualificadas do país, inclusive, bastante capacitada em inteligência e investigação. Não é apenas a Polícia Civil que atua de forma investigativa. Eventuais excessos devem ser investigados e punidos conforme afirmou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas, estes devem ser analisados caso a caso, ao invés de se fazer críticas precipitadas referentes a “desproporcionalidade”.
“Guerra” civil
A realidade que a esquerda e a maioria na grande imprensa quer ignorar é que o país vive, há muito tempo, em um estado de quase guerra civil contra o narcotráfico. Estamos falando de guerra, realmente, onde há disputas de território entre facções do crime e das facções contra o Estado. Há territórios, como tantas comunidades no Rio, e também no Guarujá e Baixada Santista, que constituem-se num Estado paralelo dominado pelo crime organizado. Moradores honestos nas comunidades têm de se sujeitar ao cabresto dos chefes do crime no local. Não podem denunciar nada nem ninguém a polícia, devem obedecer às ordens dos líderes das facções. E ainda querem “civilidade” da polícia ao lidarem com criminosos desse naipe? É quase o mesmo que defender negociação com terrorista. Surreal.
Facções no território brasileiro
É lamentável o quadro da criminalidade no país. Somos uma nação que ainda luta, tenta, não sucumbir ao domínio do crime organizado e suas poderosas facções que atuam em praticamente todo o território brasileiro. Não mais, é apenas o Rio de Janeiro que enfrenta essa realidade cotidiana . O litoral paulista, a Bahia, o Nordeste inteiro, praticamente, já se tornaram regiões assoladas barbaramente pela atuação do crime organizado. Em Salvador, moradores encontram-se apavorados com a escalada do crime, e já se verifica a migração de habitantes a outras regiões do país por conta dessa realidade desoladora.
Idealizações sem vínculo com realidade
Mas, no mundo ideal dos “comentaristas de apartamento”, tudo o que a polícia deveria fazer seria prender bandidos, de preferência, sem o uso de armas, e deixar a cargo do Poder Judiciário o restante, ou seja, os julgamentos e eventuais condenações e sanções. Falta lembrarem que nossa legislação e sistema prisional favorecem inúmeras “bondades” a criminosos, a exemplo de soltura após três ou quatro anos de prisão, liberdade condicional, ”saidinhas” por bom comportamento… E juízes dispostos a soltar traficantes é o que não falta.
Mundo civilizado
É evidente que, num mundo ideal, preferencialmente, deseja-se o mínimo de violência e mortes possíveis, com julgamentos, condenações e sanções proporcionais aos respectivos réus, conforme ditam as regras do mundo civilizado. Mas, não há como considerar “civilizada” a nossa legislação penal, tampouco, a legislação processual penal, ambas demandam reformas urgentes. Quando se conta com leis brandas, e decisões judiciais mais brandas, ainda, não se pode dizer que estamos num país civilizado.
Falsas narrativas
Por outro lado, defender a matança contra criminosos como plano A, além de legitimar-se a barbárie como regra, normaliza -se a psicopatia em uma sociedade já bastante insana. Entretanto, não se pode julgar a atuação da polícia de antemão, apenas por “achismos” e impressões iniciais de quem não faz ideia do que seja o trabalho in locum, no cotidiano, de um policial. Em especial, das equipes da ROTA, que é altamente qualificada e treinada para atuar no confronto direto com criminosos. É irresponsável, leviano e só serve para reforçar a falsa narrativa de que a polícia militar seria despreparada, truculenta e que estaria contra o cidadão honesto das comunidades. E vale lembrar que bandido não anda com crachá de identificação e que a polícia sabe que moradores honestos não podem denunciar ninguém. Então, não se pode esperar que a polícia, em suas operações, chegue falando manso e haja com, digamos, gentileza.