“A violência te prende. A denúncia te liberta”. Esse é o conceito da nova campanha criada pela Tif, agência de propaganda full service, para o Governo do Paraná — e promovida por meio da Secretaria da Mulher e Igualdade Racial —, que alerta sobre os casos de violência feminina e incentiva as vítimas a denunciarem seus agressores.
Um dos primeiros esforços da nova gestão da Secretaria de Comunicação do Estado do Paraná (Secom-PR), liderada pelo secretário Cleber Mata e pelo diretor de Marketing, Willian Silva, a campanha foi toda conduzida por mulheres – na agência, cliente e produção.
O estudo que norteou a criação da campanha baseou-se nas três fases do ciclo relacionado ao feminicídio, identificados pela psicóloga Lenore Walker e elencadas pelo Instituto Maria da Penha. São eles: aumento da tensão, ato de violência e arrependimento.
“Sabemos que, infelizmente, existem muitos fatores que levam mulheres a aceitarem caladas as agressões. Do total, 45% delas não fazem ou não conseguem fazer nada. Então, nós buscamos gerar identificação com a vítima, abordando essas etapas desse ciclo de agressão e encorajando-as a romper com isso, que abram portas e janelas e voltem a ser livres”, explica Rafaela Coradin, diretora de Atendimento da Tif, que esteve à frente do projeto.
A projeção do filme acontece sobre portas e janelas fechadas, mostrando as fases da agressão, com cenas de ataques verbais, físicos e psicológicos, enquanto a locução discorre sobre esses tipos de comportamentos.
“A ideia foi revelar aquilo que acontece dentro dos lares e ninguém vê, o que essas mulheres passam no local onde deveriam se sentir mais seguras, que são suas casas, mas, para muitas, acaba sendo o palco da crueldade. Além disso, as imagens são ambientadas durante à noite, decisão que tomamos após um estudo do Google no Paraná que revelou que o termo ‘violência contra a mulher’ tem seu maior volume de buscas entre 1h e 3h da manhã”, esclarece a diretora.
Por fim, portas e janelas se abrem para dar espaço e visibilidade a mulheres esperançosas, que conseguiram quebrar o ciclo de violência. Tudo isso ao som de uma trilha sonora inspirada na música “Maria da Vila Matilde”, interpretada por Elza Soares, que fala sobre a denúncia da agressão contra a mulher.
A violência contra a mulher em números
De acordo com a lei n.º 10.778/2003, a violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico, tanto no âmbito público como no privado. Além das violações de direitos e integridade dessas mulheres, esses ataques também influenciam no desenvolvimento social e econômico de um país.
De acordo com um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com o Instituto DataFolha, mais de 4.600 casos de violência doméstica contra a mulher são registrados no Paraná. Além disso, segundo o TJ-PR, existem quase 30 mil mulheres com medidas protetivas de urgência aplicadas pela Justiça em todo o estado.
“A cultura da Tif é o Beats&Bytes, ou seja, baseamos as campanhas dos nossos clientes nos dados e depois trabalhamos de uma forma criativamente estratégica em cima disso. Então, nada mais justo que também levar esses dados para o público. Criamos uma cartilha com todas as informações necessárias, falando desde o que é a violência contra a mulher, expondo números assustadoramente alarmantes, explicando os tipos de violência, como identificar, como romper o ciclo, quais as medidas que podem ser aplicadas contra o agressor e, principalmente, disseminando os canais de denúncia que é o mais importante”, aponta Rafaela.
Leandre Dal Ponte, secretária da pasta da Mulher e Igualdade Racial do Estado do Paraná, destaca que toda a sociedade colhe os malefícios da violência e, portanto, a campanha se torna mais importante ainda, pois busca conscientizar a todos.
“Denunciar é a primeira janela que se abre para libertar uma mulher aprisionada pela violência. Romper o ciclo de violência, às vezes, depende de se colocar no lugar do outro e, nesse quadro de violação de direitos, a mulher é a vítima direta. Contudo, toda a sociedade arca com o ônus desta violência. Por isso, a denúncia é um dever da sociedade, pois ajuda a romper ciclos de agressão, seja ela qual for, e transforma histórias de vida”, pontua.
Já para Carolina Nasseh, do Marketing da Secom-PR, a temática ainda deve ser debatida. “A violência contra a mulher segue sendo um assunto crucial de ser discutido. Nosso objetivo é conscientizar, cada vez mais, que isso é crime e os agressores devem ser denunciados e punidos. Queríamos que campanhas como essa não fossem mais necessárias, mas, infelizmente, ainda são. Nesse caso, foi bom contar com a Tif, que conseguiu captar nossa ideia e mostrou que só a denúncia é capaz de libertar essas mulheres”, relata ela.