O fim da violência física e psicológica, a conquista de espaços com equidade, o combate ao preconceito e à discriminação, a quebra de paradigmas e o fim dos estereótipos, a denúncia sem revitimização para os casos de assédio, a educação para o respeito desde o nascimento, políticas afirmativas e transformação social. O debate realizado no auditório do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), na quarta-feira, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi provocativo e instigante.
“Precisamos falar sobre o que nos desrespeita. E não devemos tratar como uma acusação porque o que ocorre hoje é fruto de uma ação estrutural secular. E a mudança necessária precisa ser uma construção coletiva transformadora, de todos os seres humanos”, afirmou Marilena Winter, procuradora do Município de Curitiba e presidente da seção Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR).
Marilena, junto com a desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR), Joeci Machado Camargo; a diretora do Procon-Paraná e presidente do Procon Brasil, Claudia Silvano; e a procuradora aposentada do Ministério Público de Contas (MPC-PR) e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Angela Costaldello, participaram do bate-papo mediado pela diretora da Escola de Gestão Pública (EGP) do TCE-PR, Vivian Feldens Cetenareski. O tema do debate foi: a presença feminina no setor público.
Lideranças
As quatro líderes paranaenses falaram sobre suas experiências pessoais em cargos de comando no serviço público e debateram a atual realidade da mulher no Brasil e no mundo. A desembargadora Joeci lembrou de momentos da carreira nos quais amamentava a filha durante a realização de audiências e era criticada por advogados e servidores. “Precisamos quebrar paradigmas e ocupar os espaços. A mulher tem necessidades e tarefas que só ela pode cumprir – como amamentar – e isso precisa ser respeitado, sem que precisemos abrir mão. Somos maternas e por isso corajosas”, destacou a desembargadora, criadora do programa do TJ-PR Justiça no Bairro.
Claudia Silvano foi enfática ao pedir respeito no lugar de flores e cumprimentos no dia 8 de Março. “Este é um dia para reflexão, não para comemorações. É inadmissível em 2023 a violência contra a mulher que vemos todos os dias nos jornais. E a violência contra a mulher não precisa ser só física. A violência psicológica que vem dos homens, das mulheres, dos chefes, dos colegas é tão ruim quanto a violência física”, disse Claudia, lembrando o episódio marcante que viralizou nas redes sociais sobre uma roupa que ela usou durante uma entrevista para emissora de televisão. “Não importa a roupa que usamos no desempenho da profissão. Ela não determina nossa eficiência. E não precisamos ser iguais, precisamos de respeito”, frisou.
“Vivemos num ambiente de muitos estereótipos, dentro de um processo histórico denso, longo e muito difícil de ser alterado. Mas estamos no caminho”, reiterou Angela Costaldello, aconselhando as mulheres a estudar muito para ter uma sólida base intelectual para o desempenho de funções públicas. “É preciso buscar ser uma pessoa bem resolvida com a vida profissional, estudar, saber o que quer, se impor intelectualmente, superando barreiras pelo caminho. Sem perder de vista seu sonho de felicidade”, disse a procuradora.
Reconhecimento
“Sem dúvida é preciso lutar ainda muito pela igualdade. Valorizarmos as conquistas femininas que estão no nosso ideário”, destacou o vice-presidente e conselheiro Ivens Linhares, na abertura do evento. Já a diretora da EGP destacou a luta diária das mulheres na busca por mais espaço e reconhecimento. “Ouvimos mulheres que representam as poucas que chegam em cargos de poder e posições que podem transformar esta realidade”.
Vivian destacou ações que vêm sendo tomadas pelo TCE-PR com relação à discriminação de gênero e políticas para as mulheres. O bate-papo, com o auditório lotado, teve a presença dos conselheiros Ivan Bonilha e Maurício Requião, da conselheira-substituta Muriel Hey e dos procuradores do MPC Flávio Berti e Gabriel Guy Léger.