Com o plantio de 1.283 árvores em 2022, o município de Pinhais chegou a 335% na relação entre árvores plantadas e cortadas no ano – foi necessário o corte de 383 árvores neste período. O resultado mais que triplicou a meta estipulada de 65% prevista para ser alcançada em 2025, no Plano Plurianual (PPA) de governo da Prefeitura de Pinhais. A forma do cálculo se dá pelo número de árvores plantadas dividido pela quantidade de árvores cortadas, multiplicadas por 100. Além do plantio direto das equipes da prefeitura, a população também planta mudas doadas pela Secretaria de Meio Ambiente, que já somam quase 5 mil árvores desde 2014.
A média atual de plantio de árvores ultrapassa mil unidades ao ano em Pinhais – fruto de uma continuidade e aprimoramento do Plano Municipal de Arborização (PMA). Integrado ao PMA, as equipes do Departamento de Planejamento, Conservação e Educação Ambiental (Depla) iniciaram em 2017 o projeto Reflorescer, que surgiu para suprir a necessidade de arborização no município. Inicialmente, o projeto teve como foco o plantio de espécies nativas frutíferas em praças e na rede municipal de ensino. Atualmente, o Reflorescer estende o plantio nas margens dos rios e outras áreas públicas e ainda nas ruas que recebem revitalização pela Secretaria Municipal de Obras Públicas.
A secretária de Meio Ambiente, Rosana Boeira Ilhéu, destaca a construção coletiva do PMA, que tem o objetivo de traçar metas e ações a partir de um diagnóstico, possibilitando a ampliação e monitoramento constante das áreas verdes do município. “Estas ações visam recompor a mata ciliar preservando as espécies nativas, espaços que antes eram lugares de descartes irregulares de resíduos. O trabalho em conjunto com as Secretarias de Obras Públicas e Urbanismo, na elaboração dos projetos de ruas e calçadas, prevê as substituições e adequações das espécies para cada local. Estes dados indicam nosso cuidado com o meio ambiente, pensando sempre no bem-estar e qualidade de vida das pessoas”, afirma.
Além do plantio realizado diretamente pela prefeitura, os serviços oferecidos pela Secretaria de Meio Ambiente (Semma) ainda incluem, desde 2014, a doação de mudas à comunidade, com uma média de disponibilização de 450 árvores por ano à população, totalizando quase 5 mil mudas doadas até 2022. Assim como o projeto Reflorescer, as doações também acontecem sob a orientação dos profissionais aos cidadãos em diversos eventos e atividades regulares da Semma, como os Mutirões de Limpeza e o Dia Mundial do Meio Ambiente. “A doação é sempre orientada, explicando para o munícipe o modo de plantio, tamanho da cova, colocação de tutor, local adequado, para que o cidadão faça o plantio da forma correta”, explica a diretora do Depla, Juliana Zanetti.
Foi em uma dessas ações que a Maria José de Abreu Duarte, moradora do Jd. Atuba, recebeu uma muda de manacá-da-serra. “Soube que no Parque das Águas haveria um evento do Meio Ambiente para troca de mudas por garrafas pets vazias. Recebi a muda e também toda a orientação de como plantar e tratar. Estava com meu neto de oito anos e a turma do Meio Ambiente fez questão de nos falar sobre a importância da reciclagem e da separação dos lixos para a preservação do meio ambiente, do nosso planeta, que é nossa casa. Eu amo a natureza… sou do tipo que abraço as árvores, falo com minhas plantinhas, coloco frutinhas numa árvore seca que tenho no quintal para os passarinhos se alimentarem… então, pra mim, a árvore é tudo!”, declarou.
Parte das árvores são adquiridas via licitação e outra parte vem de compensação ambiental. Na última quinta-feira (5), por exemplo, foram destinadas 270 árvores à prefeitura, oriundas de compensação ambiental. Além dessas fontes, está em fase inicial uma produção própria de árvores, que já tem dado resultados positivos, a partir do trabalho executado pelos servidores no Horto Municipal.
Mapeamento Arbóreo Urbano
Um levantamento completo das árvores do município está sendo elaborado pelas equipes do Departamento de Controle e Fiscalização Ambiental (Defis) da Semma. Com ele, será possível avaliar a condição fitossanitária de cada árvore, sua condição de saúde e de eventual conflito com rede elétrica, placas, esquinas, prédios, etc. O diagnóstico aponta a real situação das árvores e o que precisa ser cortado ou podado a curto, médio e longo prazo. Tudo é avaliado dentro de uma tabela que aponta qual o manejo deve ser feito com cada árvore.
Seis bairros de Pinhais já foram recenseados, com um total de 5 mil árvores catalogadas. “Com o trabalho executado até aqui, já é possível ter uma outra visão do município a respeito das árvores, onde está faltando e o porquê. Então, esse diagnóstico é o que estamos fazendo hoje”, explica o servidor do Defis, Fidelis Berneck Filho.
Feito em campo, o trabalho depende das condições do tempo, mas um sistema inteligente e sem custo foi elaborado em conjunto com equipes da Secretaria de Urbanismo, o que trouxe agilidade ao procedimento. “A gente fez um questionário, para saber as condições da árvore, qual espécie, tamanho, diâmetro, e a georreferência, além de ainda registrar uma foto, tudo na mesma plataforma digital, que passa para o banco de dados e disponibiliza automaticamente o mapa atualizado. Com esses dados, identificamos árvores que estão em conflito com o trânsito, veículos e pedestres, fiação elétrica, se está com risco de queda, se a calçada está sendo danificada pelo enraizamento, se é uma árvore exótica ou nativa, então todos esses dados são importantíssimos para o município”, acrescenta Filho.
Em muitos casos, a substituição de espécies exóticas invasoras, como o alfeneiro, é indicada. “Então, quando a prefeitura faz uma obra de remoção de árvore, ou é porque está inadequada em relação ao tamanho da via, calçada, fiação elétrica, ou algum outro mobiliário público, ou ainda por ser uma espécie exótica que procuramos substituir por uma espécie nativa, que vai gerar maiores benefícios ecológicos, incluindo a avifauna pois todas as árvores dão frutos, com exceção dos pinheiros. Então, muitos pássaros também se beneficiam”, exemplifica a engenheira florestal da Semma, Mailane Junkes Raizer da Cruz.
Iniciativa pioneira do município de Pinhais, o Mapeamento Arbóreo Urbano é uma ferramenta importante para o poder público executar as melhorias necessárias de forma mais efetiva e proporcionar um meio ambiente mais equilibrado à população. “Se uma árvore está mal colocada ela pode dar prejuízo tanto para a propriedade privada, como as araucárias que esperamos ser sempre preservadas, mas que acabam muitas vezes tendo moradias embaixo dessas árvores, quanto para o bem público que também pode apresentar problemas com calçadas, instalações subterrâneas, outros serviços públicos que dividem esse espaço”, completa Filho.