Foi-se o tempo em que pacientes com câncer de mama eram tratadas da mesma maneira, ainda que apresentassem respostas totalmente distintas aos procedimentos. Com os avanços da Medicina, dos exames que permitem detectar substâncias estranhas ao organismo e quais tipos de células estão presentes em materiais coletados, houve um refinamento e reavaliação dos vários subtipos do câncer de mama.
Os testes genéticos também passaram a ser outro grande aliado para tratamentos mais certeiros, já que analisam o DNA das pessoas para identificar alterações genéticas que aumentam o risco para câncer de mama hereditário. Essas alterações podem ser identificadas em vários genes diferentes (BRCA1, BRCA2, STK11, TP53, CDH1, PTEN, PALB2, entre outros).
De acordo com a oncologista Débora Gagliato, médica do Centro de Oncologia e Hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, hoje na prática os pacientes com câncer de mama podem ser divididos em três grandes grupos:
Hormonais: o subtipo mais comum, que perfaz 70% dos tumores de mama, e expressa o receptor de estrógeno e/ou progesterona, hormônios femininos mais importantes. Pacientes com esse tipo de câncer têm um tratamento próprio e podem ser poupados de quimioterapia e tratamentos mais agressivos, com refinamento de estratificação de risco.
HER2+: neste subtipo, a proteína tem o papel de mandar sinal para a célula crescer e se dividir rapidamente. São tumores que antigamente tinham um prognóstico pior, mas hoje, com vacinas específicas contra esse alvo, houve uma revolução e está entre os subtipos mais curáveis de câncer de mama.
Triplo Negativo: definido pela ausência de expressão dos marcadores – receptor de estrógeno, progesterona e HER2. Esse subtipo costuma assustar mais, pois demanda um tratamento certeiro, rápido e na sequência correta, mas já há no mercado medicações bastante eficazes.
A especialista da BP lembra que cada subtipo de câncer de mama demanda uma estratégia diferente de tratamento. Os tumores mais agressivos – HER2 e Triplo Negativo – em geral são tratados com terapia sistema pré-operatória: quimioterapia com drogas anticorpos monoclonais. Já no subtipo Hormonal, a grande maioria das pacientes é operada primeiro para, depois, ser avaliada a terapia sistêmica.
O tratamento multidisciplinar é outro grande aliado nesse processo. “Temos muitas publicações que mostram que mulheres que são tratadas em ambiente multidisciplinar – que une o cirurgião oncológico, o clínico, o radioterapeuta, o plástico, a enfermagem, o nutricionista, o psicólogo, o fisioterapeuta – têm melhores desfechos e melhores taxas de cura”, lembra a médica.
A médica da BP recomenda que toda pessoa com câncer de mama Triplo Negativo deve fazer um teste genético, bem como aqueles que tenham na família um homem que teve câncer de mama. “Dependendo da idade e número de casos da família também é recomendado o teste genético”, lembra a médica.
Para saber mais sobre testes genéticos, acesse https://www.bp.org.br/especialidades/medicina-genomica