Pets podem ser doadores de sangue e ajudar outros animais em situação crítica

Pets podem ser doadores de sangue e ajudar outros animais em situação crítica

Pets podem ser doadores de sangue
Procedimento é indolor e não possui contraindicação. Apenas 450 ml de sangue pode salvar muitos cães e gatos vítimas de acidentes e doenças crônicas ou agudas.

Muitos são os pedidos de doação nos bancos de sangue brasileiros, ainda mais neste período de pandemia. Porém, ninguém está livre de sofrer um acidente ou descobrir uma doença grave, nem mesmo os nossos pets. Da mesma forma que hospitais e laboratórios solicitam doadores para salvar vidas, os veterinários também fazem parte dessa luta.

“Se os bancos de sangue para humanos já sofrem com a falta de doadores, imagine a dificuldade em conseguir sangue para os animais”, revela a veterinária Luana Sartori, responsável pela Monello Select. O processo de doação para os pets dura cerca de 15 minutos e não possui contraindicação.

Grande parte dos tutores não sabe como funciona esse processo tão importante para salvar vidas nos hospitais veterinários, por isso, alguns mitos são alimentados, aumentando a defasagem de doadores cães e gatos nos bancos de sangue.

O diretor da Virtus – laboratório e banco de sangue de Caxias do Sul, Éverson Paludo, explica que cada 450 ml de sangue doado por um cão pode salvar outros em situação crítica, seja por atropelamentos, cirurgias de emergência ou doenças crônicas. “Em geral, o processo é muito parecido com o realizado em seres humanos e é extremamente seguro para o cão ou gato doador”, revela.

Após uma tricotomia, que significa a retirada dos pelos na região de coleta e, claro, antissepsia do local, o sangue é coletado diretamente na bolsa apropriada, sob constante agitação para homogeneizar e evitar a formação de coágulos. Paludo conta ainda que se o tutor preferir, pode ser feita a sedação do pet. “Como o incômodo é pequeno se comparado com a grandiosidade do ato e rapidez do mesmo, administrar sedativos é uma opção somente para os animais realmente muito agitados, que não ficam quietos por um tempo de 15 ou 20 minutos, diz.

Os doadores de sangue com histórico de doenças infecciosas ou que tenham recebido transfusão não podem doar, como explica a veterinária Luana. “Alguns requisitos são necessários para que o procedimento possa acontecer. Entre eles, o peso ideal, a idade recomendada e a condição de saúde do pet”, completa.

Possíveis doadores

Os cachorros que podem doar possuem idade entre 1 e 8 anos, peso mínimo de 27 kg e devem estar com vacinação e vermifugação atualizadas, controle de carrapatos e pulgas em dia e, preferencialmente, devem ter comportamento tranquilo. Para o caso das fêmeas, é proibida a doação se estiverem prenhes ou no cio. Todos os animais passam por criteriosos exames clínicos e laboratoriais, momentos antes da coleta das bolsas de sangue, visando assim atestar a saúde do doador de sangue. Os mesmos requisitos são obrigatórios para felinos doadores. Porém, os gatos devem ter entre 1 e 7 anos e peso mínimo de 4 kg.

Outra grande dúvida dos tutores é sobre a tipagem dos pets, mas Luana esclarece que o processo de transfusão precisa ser entre animais de mesma espécie, independente da raça. “Enquanto nós, humanos, temos sangues dos tipos A, B, AB e O, os gatos contam com três tipos sanguíneos e os cães possuem 13. É essencial que o veterinário responsável pelo procedimento avalie criteriosamente esses precedentes antes de realizar a transfusão sanguínea”, esclarece.

Os cães vítimas de hemoparasitoses como, por exemplo, a doença do carrapato; e de linfomas são os que mais precisam de doações. No caso dos gatos, a leucemia felina é a principal urgência para bolsas de sangue. Porém, atropelamentos, picadas de cobras, intoxicações, problemas renais e no pâncreas também demandam necessidade de transfusões.

“É fundamental que os tutores se informem sobre esse procedimento e contribuam para podermos salvar mais vidas”, pede a especialista da Nutrire. Muitos têm medo porque ainda desconhecem o procedimento. “A ideia de dor e sofrimento para o doador é comum, mas completamente equivocada”, conforme explica ela.

Paludo revela que os bancos de armazenamento para animais costumam ficar vazios em alguns períodos como verão, por exemplo, que é quando as pessoas saem de férias e deixam de levar os animais para doação. Além disso, neste período, as hemoparasitoses aumentam muito, triplicando a demanda por bolsas de sangue. “Estamos falando de salvar vidas de fato, visto que a falta de bolsas de sangue é fator decisivo na vida ou morte de um paciente que precisa de ajuda”, ressalta ele.

Para os tutores que desejam tornar seus pets doadores de sangue, Luana recomenda que procurem um veterinário de confiança para essa indicação. “Não é difícil encontrar um animal que esteja precisando de doação, menos ainda uma clínica ou laboratório que faça com segurança esse procedimento”, diz.

A médica acrescenta ainda que a atitude é uma forma também de ajudar animais abandonados e resgatados da rua com necessidade de transfusão de sangue. “Além disso, a gente nunca sabe quando nosso pet vai precisar de uma intervenção mais séria, por isso, fazer a nossa parte é uma obrigação necessária para o bem de todos eles”, conclui.

Paludo completa que quanto mais pets forem doadores, mais comum será ter disponibilidade de estoque permanente.

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