Realização da Copa América no Brasil foi politizada pelo público, bastante dividido entre contrários e favoráveis
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Realização da Copa América no Brasil foi politizada pelo público, bastante dividido entre contrários e favoráveis

A Copa América, que começou no domingo (13) e vai até 10 de julho, em uma competição envolvendo a seleção de futebol de dez países, começou em um clima bastante desagradável. Após a decisão do presidente Bolsonaro de que o Brasil iria sediar a competição (a partir da desistência da Colômbia e da Argentina) mais uma vez, a politização tomou conta do país, dividindo os brasileiros. Boa parte do público tem se mostrado contrário à realização do campeonato, em razão do atual quadro nacional da pandemia – quando caminhávamos para 500 mil mortes – sem previsão de queda importante na taxa de contágio ao ponto de nos encontrarmos em uma situação confortável como já acontece em diversos países da Europa e Estados Unidos.

Desistência de patrocinadores

O resultado de tanta polêmica é a desistência de alguns patrocinadores em lançar campanhas publicitárias durante o torneio, evitando, assim, exporem suas marcas e causarem danos à imagem e boicote do público consumidor. Mastercard, Ambev e Diageo (marca produtora de bebidas alcoólicas de luxo) anunciaram desistência em fazer campanhas de marketing, retirando a exposição de suas respectivas logomarcas. Mas, não deixarão de honrar contratos já firmados previamente, desde o ano passado, quando era prevista, inicialmente, a realização da competição. Somente a Latan ainda não fechou contrato, sinalizando desistência. A seleção brasileira também expressou-se em manifesto público, dizendo-se insatisfeita com a condução do campeonato pela Conmebol, “seja por razões sanitárias ou profissionais”. Porém, disse que não deixaria de jogar, honrando a camisa da seleção brasileira.

Simbolismo do apoio de Bolsonaro à competição

Acredito que a origem da polêmica, muito embora, tenha suas justificativas sanitárias inegáveis, também, se deve ao fato de ter sido o presidente Bolsonaro, em específico, quem decidiu a realização do evento no país. Fato corroborado pelo STF, que aprovou a realização da Copa América, posicionando-se contrário a pedidos de cancelamento. A Argentina desistiu de sediá-la por razões relacionadas à gravidade da pandemia por lá, e a Colômbia, por problemas políticos internos. Ou seja, a decisão do presidente da República tem soado como mais uma provocação negacionista. Inevitável, a politização do evento, quando se considera todo um contexto de sucessivas disputas entre bolsonaristas e o restante da população sobre o melhor a fazer quanto ao enfrentamento da pandemia.

Contudo, acredito que a rejeição de muitos brasileiros ao campeonato se deve mais ao simbolismo político que ele representa – por ser apoiado por Bolsonaro – do que por razões puramente técnico-sanitárias. Vejamos. O campeonato não contará com a presença de público nos estádios, e todas as medidas sanitárias serão bastante rigorosas. Em Brasília, por exemplo, os jogos ficarão sob as regras de um decreto do governo local que proíbe a presença de público em competições esportivas e determina a aferição diária da temperatura corporal de todas as pessoas que entrarem em locais de competição e treinamento e também obriga o uso de máscaras para arbitragem e atletas a todo momento, menos durante os jogos. Em Cuiabá, as medidas de restrição se assemelham às de Brasília. Além disso, a cidade pediu ao Ministério da Saúde o envio de 290 mil vacinas de dose única ou 640 mil de duas aplicações como contrapartida à realização da Copa América na cidade, mas o Governo Federal ainda não respondeu a esse pedido. Rio e Goiânia seguem mais ou menos essa linha de cuidados preventivos.

Protocolos sanitários da Conmebol

A Conmebol também estabeleceu seus protocolos médicos e sanitários para a realização da Copa América, que se baseia no conceito de “bolha sanitária”, isto é, testes de Covid-19 para todos os profissionais envolvidos na competição a cada 48 horas e protocolo rígido para evitar contato com pessoas não relacionadas aos jogos. É certo que, mesmo com todos esses cuidados, não há 100% de garantia de que não haverá infecções. Mas, convenhamos, se cumpridos, os protocolos adotados no campeonato são bastante razoáveis. Não há como comparar, por exemplo, aos riscos bem maiores que se corre ao frequentar uma balada, uma festa, um show musical ou mesmo em festinhas de aniversário e churrascadas na casa de amigos e parentes.

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