Há pouco mais de um ano a pandemia do novo coronavírus começou e, um novo período passou a existir, influenciando o dia a dia e a vida da população. Tivemos que nos adaptar a uma nova realidade, seguindo medidas de segurança para zelar e cuidar, não apenas da nossa saúde, mas daqueles que estão ao nosso lado.
O termo cuidar/cuidado nunca foi tão usado quanto atualmente. O seu significado está presente no cotidiano, seja para nos alertar sobre o perigo desta doença, reforçar a importância da prevenção e, principalmente, agirmos adotando as recomendações básicas de saúde: não se aglomerar, usar máscara de proteção e passar álcool em gel nas mãos.
Mas se durante a pandemia ter todo esse cuidado é seguir essas medidas, há também quem teve outro cuidado: o de ajudar o próximo. Esse é o exemplo de Valdirene Silva de Lima, que desde o início da pandemia já confeccionou mais de 1.700 máscaras de tecido que foram doadas para o Centro de Referência da Assistência Social (Cras), catadores de materiais recicláveis, para amigos que fazem doações de cestas básicas aos necessitados e para a igreja.
Valdirene tem 46 anos e mora no bairro Weissópolis, com sua filha de 14 anos. Ela tem uma doença rara crônica, a Distonia Generalizada, que afeta o sistema nervoso central comprometendo os movimentos e causando espasmos musculares involuntários. Com isso, ela se desloca aos locais apenas com um triciclo.
Como sabia costurar, Valdirene começou a fazer máscaras com retalhos, que foram doados, e depois começou a pedir TNT e tecidos para amigos. Essa iniciativa nasceu da preocupação que teve com aqueles que não podiam comprar máscaras. “Quando surgiu a pandemia, tudo estava fechando e algumas pessoas ficando sem trabalho, e muitas até passando fome. Então pensei: se as pessoas não têm dinheiro pra comer, como vão comprar máscaras? Logo, como sei costurar, comecei a fazer máscaras com retalhos. Minha prima é costureira e me dava os que sobravam”, conta.
Apesar da limitação física, Valdirene diz que o prazer de ser útil num momento de tanta dor foi maior que as dores que sente. Na maioria dos dias ficava duas a três horas confeccionando as máscaras em sua máquina de costura. Essa situação foi uma oportunidade de se superar, pois no início sua prima costureira a ajudava. Depois, com o tempo, o trabalho foi se aprimorando e passou a fazer todo o procedimento da costura sozinha.
Valdirene explica que durante a pandemia tem agido com todo o cuidado, pois só sai de casa quando necessário, sempre usa máscara de proteção, lava bem as mãos e passa álcool em gel, reforçando que todos tenham o mesmo cuidado. “A vida é o maior bem que possuímos. Não tem dinheiro que pague. Peço às pessoas que se cuidem. Fiquem em casa, saiam apenas quando necessário. Porque um bem material você recupera, uma vida não.
Usem máscaras, mantenham o distanciamento social. O isolamento social é difícil, ninguém vive sozinho, mas nós temos hoje o privilégio de poder ligar para alguém, levar uma palavra amiga, mandar uma mensagem, um vídeo com palavras de esperança. Procurem manter a serenidade e acreditem: tudo isso vai passar mais cedo ou mais tarde, vai passar! Agora, se você tiver a oportunidade de ser útil, de ajudar alguém… ajude. Vamos cuidar das pessoas”, disse.