Os dados do PIB 2020 foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o que era esperado pelo mercado foi confirmado: houve uma queda de 4,1% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Mas o que isso significa? Como impacta nossas vidas? O PIB mede o crescimento econômico. Quando falamos em crescimento, é importante ter em mente que estamos nos referindo à soma do que é produzido internamente em nosso país em termos monetários. Desse modo, esse indicador reflete o tamanho da nossa economia.
Assim, o dado divulgado nos mostra que em termos monetários nossa economia sofreu uma queda de 4,1% em relação ao ano de 2019. Essa situação não é uma surpresa, pois, mesmo antes da pandemia, esperava-se que a economia brasileira sofreria uma retração econômica. Entretanto, a pandemia veio para reafirmar e piorar ainda mais a situação da economia brasileira, pois diminuiu o ritmo das atividades econômicas.
Mas, e como se comportaram os três grandes setores da nossa economia? Todos sofreram queda? O setor industrial retraiu 3,5%, o que representa a queda mais intensa nos últimos cinco anos. Em termos industriais, o setor de construção civil e a indústria de transformação, foram as que tiveram o pior desempenho em 2020.
O setor de serviços, que de modo geral é o que mais contribui para o crescimento do PIB, foi o que sofreu uma queda maior, retraindo 4,5% em relação ao ano anterior. Com a diminuição da circulação de pessoas, o comércio se viu de portas fechadas, gerando uma queda das vendas, fechamento de estabelecimentos e um maior nível de desemprego nesse setor. Além disso, os serviços prestados às famílias, transportes, armazenagem e Correios foram os mais impactados no ano passado. Aqui, é importante mencionar que apesar de ser considerado um valor baixo, o auxílio emergencial – fornecido para as famílias mais afetadas com a pandemia -, corroborou para que o resultado desse setor não fosse ainda pior, o que nos mostra a relevância da continuidade desse auxílio em 2021.
Por outro lado, se o setor de serviços e a indústria sofreram queda em 2020, o desempenho do agronegócio seguiu um caminho oposto, apresentando um aumento de 2,0% no ano de 2020, se comparado com o ano anterior. Tal fato é reflexo, em grande medida, das nossas exportações. Câmbio altamente desvalorizado, em conjunto com o fato de que mesmo em crises, commodities e produtos de primeira necessidade continuam sendo demandados mundialmente, permitindo um saldo positivo desse setor no ano em que a economia brasileira apresentou uma queda de 4,1% no seu tamanho.
Esses dados nos geram muitas incertezas em relação ao ano de 2021. O que sabemos é que o Brasil precisa mudar o rumo e acelerar o processo de vacinação, pois enquanto isso mortes estão acontecendo. Pessoas estão sendo infectadas, demandando leitos hospitalares. Nossos hospitais estão lotados e equipes médicas sobrecarregadas. O brasileiro vive com dúvidas em relação o que deve ser feito: isolamento ou não? Não há uma unificação do discurso entre políticos do nosso país, o que dificulta ainda mais o estabelecimento de normas a serem seguidas pela população. O que sabemos é que, com esse resultado econômico não estamos mais entre as 10 economias mundial, o que não é um resultado favorável. Para além disso, se o leme do nosso barco não mudar e os ventos, digo, a equipe econômica não tomar medidas mais assertivas quanto à pandemia, aprofundaremos nossa crise entrando em uma recessão econômica profunda.
Pollyanna Rodrigues Gondin
Economista e professora da Escola de Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.