Respeito à liberdade, tolerância, exercício da solidariedade humana, preparo ao exercício da cidadania, qualificação para o trabalho e formação. Essas são missões inerentes às mais elevadas instituições do Brasil e do mundo. Aliás, são características basilares para qualquer ser humano de caráter.
Ocorre que, em tempos de Covid-19, temos assistido a recorrentes ataques aos princípios democráticos. É uma triste realidade motivada, em regra, por interesses de uns poucos, por ideologias e/ou questiúnculas partidárias.
Peguemos a Educação, como exemplo. Em muitas universidades é claro o retrocesso. Antes palco de debates brilhantes e efervescentes e berço de ideias transformadoras e libertárias, a academia vem se trancando em um círculo vicioso e perigoso, dando às costas aos cidadãos.
Nos campi das universidades, a democracia deve pulsar sempre na criação intelectual e no debate político, científico. São direitos que devemos defender sempre, a ferro e fogo se preciso for, pois trata-se de garantir liberdades individuais e coletivas.
Contudo, jamais podemos perder de vista que uma universidade é célula da sociedade. Portanto, deve retorno e respostas ao coletivo, além de foco às demandas essenciais.
O mesmo retrocesso é evidente no setor da Saúde. São investimentos a menos e corrupção a mais. Grande preocupação dos brasileiros, em particular agora com a pandemia, vemos a assistência caótica. Enquanto isso, noticiários estampam a toda hora manchetes sobre máfias no SUS, sumiço de cargas de medicamentos, fraudes em negociações de respiradores, oxigênio e por aí segue.
O país vive momento preocupante neste aspecto. Ignora-se as necessidades dos cidadãos e as carências se perpetuam. Faltam empregos, escolas, unidades de saúde, moradias. Falta honradez e dignidade, principalmente.
O mundo mudou, tudo mudou. O planeta e as pessoas são outras. O Brasil não pode se fechar no obscurantismo. Criar órgãos fiscalizatórios para todos os entes públicos, estabelecer meios de fato transparentes de gestão financeira, entre outras medidas, são ações urgentes.
Os cidadãos pedem respeito. Tem razão, integral: os quereres de uma nação devem ser preservados e garantidos até o fim.
Antonio Carlos Lopes
Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica