A campanha eleitoral para as eleições municipais, neste ano, mais curta e com certas limitações e restrições por conta da pandemia, tem levado os candidatos a desafios um tanto maiores em comparação a anos anteriores. Levar sua mensagem e propostas ao eleitor em uma campanha em que eventos e grandes aglomerações de pessoas estão proibidos tem exigido dos candidatos muita criatividade, além de se gastar muita sola de sapato no “corpo a corpo” com a comunidade.
Fake news, boatos, fofocas, mentiras
Todos os esforços, desde que éticos, honestos e dentro da legalidade, são válidos para conquistar a confiança e o voto do eleitor. Trata-se de uma árdua batalha quando a concorrência é grande na corrida por uma cadeira do Poder Legislativo ou ao cargo de prefeito de um município. Às vezes, com pouco dinheiro ou sem apoio de um staff de campanha, o candidato precisa “se virar nos trinta” para obter a atenção do eleitorado, ser ouvido, lembrado e, principalmente, garantir o voto na urna. Como todos os anos eleitorais, há quem faça sua campanha com honestidade, sinceridade e verdade, assim como sempre há aqueles que ultrapassam os limites da ética e até da legalidade, apelando a baixarias como, ataques pessoais ao adversário e sua família e indo além, recorrendo ao uso da mentira ou de meias-verdades. Boatos, fofocas, e as famosas fake news – que enganam a muita gente – têm sido recorrentes durante este início da campanha eleitoral de 2020. A internet, por exemplo, com seus recursos tecnológicos e facilidades lamentavelmente tem servido para a divulgação de muitas fake news sobre candidatos, que podem viralizar com imensa velocidade e até contribuir para o resultado de uma eleição. Nem tudo o que se ouve e vê em imagens e vídeos na internet é verdadeiro, pois, os recursos tecnológicos são bastante avançados, ao ponto de se poder manipular imagens, cenas, falas e diálogos.
Jogo pesado
Assim, caros leitores, é importante que fiquemos muito atentos ao que recebemos de informações sobre candidatos, seja a partir de um “ouvi falar”, de mensagens pelo WhatsApp e redes sociais, ou mesmo saindo da boca de um candidato adversário. Política é jogo pesado e nem todos os candidatos pautam suas campanhas na apresentação de propostas, de um trabalho pela comunidade, em uma biografia e ideias e projetos para os municípios. Na falta de boas ideias e propostas, na falta de trabalho para mostrar, há candidatos que apelam a golpes baixos, espalhando mentiras ou meias-verdades sobre seus adversários, fofocas, críticas e ataques a concorrentes, na esperança de que “cole” para o eleitor. Também, costuma haver em época de campanha, a divulgação de pesquisas falsas, ou seja, pesquisas que nem foram encomendadas, colocando-se o referido candidato interessado, claro, em primeiro lugar nas intenções de voto.
Pesquisas e a manipulação do eleitor
Outro dado relevante que o eleitor deve considerar é não se deixar influenciar por pesquisas ao escolher seu candidato. Ainda, há uma tendência no eleitorado brasileiro de desanimar de votar em candidatos que aparentam terem poucas chances de vencer em razão da colocação inferior nas pesquisas. Esse tipo de critério de escolha de um candidato nem deveria ser considerado. Afinal, é o voto do eleitor que constrói a realidade que será revelada nas urnas. Tudo pode mudar até o dia da eleição, dependendo das decisões do eleitorado. As pesquisas, mesmo quando sérias e bem feitas, tecnicamente, buscam tão somente refletir uma realidade aproximada no momento em que as entrevistas foram feitas. Não são uma forma de previsão do futuro. Refletem apenas o momento e, mesmo assim, de forma muito precária em representatividade da realidade. Quer dizer, trata-se de uma grande bobagem, um equívoco, pautar-se em resultado de pesquisas eleitorais para definir o voto. Há bons candidatos que não pontuam muito bem nas pesquisas, e que merecem o voto do eleitor, até, muito mais, que alguns que estão apontados como favoritos pelos institutos.
Postura proativa do eleitor
Então, tudo depende da qualidade de avaliação que o eleitor faz durante seu processo de definição do voto. Votar bem costuma dar um pouco de trabalho. É preciso conhecer o candidato, ir atrás de seu histórico e biografia, verificar se já fez algo de bom para a comunidade, se é uma pessoa honesta e que realmente trabalha para o município. Além de conhecer bem suas propostas, se são viáveis, realistas e boas para a comunidade. Essa postura proativa do eleitor é essencial para que seu direito de votar não seja desperdiçado com escolhas displicentes, irresponsáveis ou aleatórias. Com raras exceções, a política no Brasil não tem trazido boas notícias, de modo geral. Há muitos anos que acompanhamos casos de corrupção, incompetência, descaso de autoridades públicas com o povo, mordomias, propinodutos, enfim, muita tristeza e desrespeito da classe política com o eleitor e cidadão.
Campanhas vazias e destrutivas
Por isso, votar com responsabilidade, interesse e consciência é uma das chaves para a mudança desse triste cenário. Sempre há bons candidatos, honestos e trabalhadores. Muitas vezes, estes não estão à frente nas pesquisas, não fazem campanhas dispendiosas e podem passar despercebidos por entre o eleitorado. Vale a pena perder um pouco mais de tempo analisando bem os candidatos, e deixando de dar ouvidos a boatarias e fake news, bem como e ataques a adversários. Pois, quem ataca, quem muito critica, quem vive de falar mal dos demais, e até de inventar mentiras e acusações já revela seu caráter de saída. Além de demonstrar que não tem propostas, não tem trabalho e uma biografia a mostrar. São candidaturas vazias, desprovidas de boas ideias e de diálogo para as cidades, e que visam mais destruir adversários do que construir coisas boas para os municípios e sua gente.