Reinventar-se. Esta se tornou quase uma palavra de ordem nos últimos tempos, desde que passamos a viver uma pandemia. As rotinas mudaram, mas a vida não pode parar e para isso cada um, a seu modo, está recriando, adotando novos métodos, indo à busca de outras formas de trabalhar, estudar, conviver, e porque não, de sobreviver.
Os profissionais da Educação fazem parte do principal grupo impactado diretamente pela ocorrência do coronavírus. Como as recomendações são ficar em casa sempre que possível, não causar aglomerações e nem ter contato próximo, as aulas presenciais estiveram entre as primeiras atividades suspensas.
E se não pode abraço, olho no olho, correria na hora do intervalo, mãos sujas de giz e aquela interação que os educadores tanto gostam, o que fazer? Nesta hora, entra uma importante aliada, a tecnologia. Mas, nada acontece como um passe de mágica, assim como os pais, os professores, educadores e a comunidade escolar em geral precisaram se aventurar por este universo. E entre eles está a Celí da Cunha Pinto Almario. A educadora do CMEI Aprendendo e Crescendo conta que até então não tinha muito contato com o computador e ferramentas tecnológicas. “Eu não sabia mexer direito no computador, então eu tive que me readaptar. Tive que criar novos métodos para atingir os meus objetivos com as crianças. É complicado, porque eu acredito que a aula online não é a mesma coisa de estar em sala de aula tendo contato físico com as crianças. Mas eu tenho me adaptado, a direção da escola e as pedagogas têm me ajudado, tenho amigas de profissão que compartilhamos ideias, faço muitas pesquisas para fazer as atividades e continuar o meu trabalho. Mas, eu não tenho perdido a interação com as famílias, estou sempre em contato com as crianças, mandamos fotos, vídeos, áudios, mantenho contato constantemente”, detalha a educadora.
Celí também ressalta que o momento é de aprendizado e fala sobre a saudade de estar em sala de aula. “É um desafio, mas a gente acaba crescendo por ter que buscar novas metodologias. A pandemia tirou muita gente da zona de conforto, muitos profissionais se reinventaram para alcançar os objetivos propostos. Mas ao mesmo tempo queria estar em contato com as crianças, afinal é tão importante nesta fase, assim como pra gente também é”, declara.
Professora há 21 anos e, destes, 11 em Pinhais, Ana Paula Liszyk, atua na Escola Municipal Odile Charlotte Bruinje com turmas do 1° e 2º ano. Ela é sincera ao revelar que em um primeiro momento foi “assustador”, mas com o passar do tempo “as coisas estão se encaixando, tenho tido respostas positivas das famílias, mas, ainda estou um pouco ansiosa com o resultado da aprendizagem das crianças”, revela.
Ana Paula cita algo que faz parte da realidade de muitas famílias e, consequentemente, dos alunos, que é a falta de acesso aos recursos tecnológicos. “A comunidade da minha escola é bastante carente e nem todos têm acesso, muitos deles não tem nem televisão. Por meio da pesquisa, enviada pela prefeitura, concluímos que a maioria tem acesso ao Whastapp, então criei um grupo para cada uma das minhas turmas. Acho que o mais importante nesse momento é manter o hábito do estudo e de alguma forma a interação com os amiguinhos”, opina.
Quando questionada se é possível se reinventar mesmo em meio a tantos desafios, ela responde que é possível e extremamente necessário. “Não podemos ficar parados, vendo o ano letivo passar sem pelo menos tentar algo que possa contribuir, mesmo que em pequena escala, para a aprendizagem de cada criança. Eu confesso que não sou muito tecnológica, mas, corri atrás, pedi ajuda para colegas com mais facilidade nessa área e para os meus filhos, assisti tutoriais na internet e assim vou aprendendo, reinventando esse processo de ensino nesse momento de tantas incertezas para todos”, compartilha a professora.
Amanda Sabino está na outra ponta desta história. Ela é mãe do Brenner Moura, da Escola Municipal Clementina Cruz e fala sobre como está sendo a nova fase. “Ninguém esperava tudo isso que está acontecendo. Mas, graças a Deus, estamos nos adaptando da melhor forma possível, porque a escola mantém os grupos online de cada turma, onde a gente consegue compartilhar as atividades, falar com a professora. Fora esse grupo, temos o Whatsapp da secretaria para tratar de questões administrativas, eles procuram responder rápido, sempre nos direcionar. As atividade vieram todas separadinhas, impressas, de forma colorida que a criança olha e gosta, as atividades são incríveis”, elogia.
A mãe ainda destaca o fato de que mesmo à distância, a educação está próxima das famílias e educandos. “Esta questão da escola nos dar essa aproximação por meio de grupos de mídias sociais está facilitando muito, porque a professora manda vídeos e meu filho entende melhor. A adaptação está sendo muito boa, no início foi bem difícil, mas agora estamos indo super bem, porque a escola está fazendo com que isso aconteça. Quando surge alguma dúvida a professora de imediato responde, os vídeos facilitam muito. Então, posso dizer que estamos passando por essa fase da melhor forma possível”, declara.
A secretária de Educação de Pinhais, Andrea Franceschini, salienta que os profissionais da educação tiveram que se adaptar, repentinamente, para um novo formato de ensinar. “Porém, nossos profissionais, como sempre, com muita responsabilidade e competência estão atendendo as nossas crianças e aos pais com muita dedicação, durante o período escolar e também à noite e nos finais de semana”, complementa a secretária.
Segundo Andrea, a confecção dos blocos de atividades pedagógicas não presenciais, entregues quinzenalmente aos alunos, assim como a produção dos vídeos, as contações de história, entre outras ações, demandaram muito trabalho. “Foram dias e noites debruçados em preparar tudo com muito cuidado para que chegasse às mãos de nossos educandos”, ressalta.
A secretária aponta ainda que todo o esforço envolvido neste trabalho é para manter a qualidade do ensino, mesmo diante de um momento tão desafiador. “Todos nós que fazemos educação no município de Pinhais, seja nas escolas, nos CMEIS, na SEMED ou em outros espaços, estamos trabalhando muito e nos dedicando para que nossas crianças e famílias sintam-se acolhidas, e acima de tudo continuem, mesmo que a distância, usufruindo de uma educação de qualidade”, finaliza.