Sucessivas “trapalhadas” frente à pandemia levam à perda de credibilidade da OMS

Sucessivas “trapalhadas” frente à pandemia levam à perda de credibilidade da OMS

por Vanessa Martins de Souza

A notícia de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a transmissão do novo coronavírus entre assintomáticos é “muito rara”, destacada nas manchetes de vários veículos de imprensa nacionais, serviu de base para os defensores do fim do isolamento social dizerem que Bolsonaro estaria certo. Contudo, no dia seguinte, a notícia foi melhor esclarecida pela própria OMS, a partir de sua porta-voz Maria Van Kerklove, passando a ser considerada ‘fake news’ pela imprensa a anterior afirmação de que assintomáticos raramente transmitem o vírus.

Segundo a porta-voz foram feitos apenas alguns estudos em países que estão fazendo rastreamento detalhados de casos que apontam que uma transmissão secundária por esse grupo, o dos assintomáticos, é muito rara. Mas, em nenhum momento ela disse que a transmissão não seria possível ou que o isolamento social é desnecessário. Até, porque, esclareceu que há imensa diferença entre assintomáticos, pré-assintomáticos e pessoas com sintomas leves. Os assintomáticos nunca desenvolvem sintomas, o que é diferente dos pré-assintomáticos, que são aqueles que ainda estão na fase de incubação da doença, antes de manifestar sintomas. De fato, as declarações de Van Kerklove foram distorcidas nas redes sociais, em uma evidente “forçada de barra” para politizar alguns estudos científicos em andamento, mas, ainda, não conclusivos. Além do mais, como ninguém pode assegurar em qual grupo cada indivíduo se encaixa, o isolamento social permanece estritamente necessário.

Perda de credibilidade

Mas, se a Covid-19, no país, tem se transformado em pretexto para a defesa de pautas políticas e bandeiras ideológicas de um lado ou de outro, a OMS também não é merecedora de grande credibilidade quando se trata da pandemia. É certo que a Covid-19 é uma doença muito nova, ainda desconhecida em grande parte pela comunidade científica, mas determinadas posturas dessa organização, que é um braço da ONU (Organização das Nações Unidas), também suscitam certas reservas quanto a sua credibilidade. Pois, a OMS vêm sendo considerada a “essência de verdades supremas sobre saúde pública” por parte da mentalidade mediana entre a população mundial. “Se a OMS falou, está falado. Não se discute”. Como se houvesse um inquestionável selo de garantia e de qualidade “ISO 9000” a tudo que essa organização determina e orienta.

Acusação de cumplicidade ao totalitarismo chinês

Talvez, essa pandemia tenha vindo para fazer muitas máscaras caírem. A OMS está sendo acusada de cúmplice do totalitarismo chinês por espalhar as desinformações que favorecem o Partido Comunista Chinês (PCC) pela Foreign Policy, um órgão importante para as relações internacionais. Outra postura que merece críticas é a afirmação, em 18 de janeiro, de que não havia evidências de que o novo coronavírus seria transmissível entre humanos, protegendo a China enquanto a doença já estava se disseminando no país asiático. O primeiro caso de Covid-19 em humanos foi detectado em 17 de novembro de 2019. Em 18 de janeiro, já alcançava níveis epidêmicos. Quê irresponsabilidade é essa em dizer que não havia evidências da transmissão entre humanos? Agora, há estudos que apontam para a possibilidade de que o vírus já estaria circulando na China desde agosto do ano passado, conforme noticiou-se esta semana. Ou seja, uma coisa é ainda não conhecer a doença. Outra coisa é fazer afirmações irresponsáveis quando ainda não se tem certeza de nada.

Suspeitos números vindos da China

A OMS, até o momento, ainda não questionou os suspeitos números da China, sobre mortos e infectados, tão irrisórios quando se considera uma nação de população gigantesca na casa dos bilhões… Suspeitas de que a ditadura chinesa tenha escondido o real número de mortos e infectados nunca foram levantadas pela organização. Todo mundo desconfia de que morreram muito mais na China do que os poucos mais de 3 mil, mas somente a OMS não demonstra desconfiança.
Outra “mancada” da OMS deu-se em relação ao uso de máscaras. Inicialmente, disse que elas não ajudariam em nada, a não ser para quem já estivesse infectado. Mais tarde, quando a pandemia já havia se alastrado pelo Ocidente, recomendou o uso. Recentemente, uma nova notícia estranha divulgada pela OMS: máscaras de duas camadas de tecidos, como inicialmente orientou, não seriam suficientes. Seriam necessárias três camadas de tecido, com um tipo de tecido diferente no meio.

Hidroxicloroquina

A OMS ainda acatou um estudo para lá de duvidoso publicado na revista Lancet, como verdade inquestionável, sobre o uso da hidroxicloroquina. “O medicamento não apenas seria inútil como até perigoso à saúde”. Então, parou de financiar os estudos com a droga. No entanto, dias depois voltou atrás, pois demonstrou-se que o estudo não atendeu a critérios científicos rigorosos. Além de vários outros estudos e experiências clínicas apontarem a eficácia da hidroxicloroquina quando prescrita nos primeiros dias de sintomas da doença e em doses mais baixas.

Cúpula de burocratas

Enfim, quando se trata de medicina e saúde pública, o que é consenso hoje, amanhã, pode já não ser mais. Aliás, não há consenso absoluto na comunidade científica a respeito de doença ou medicamento algum, muito menos sobre algo ainda pouco conhecida como a Covid-19. Vale ressaltar que a OMS é uma organização movida a financiamentos de seus países-membros, composta por uma cúpula de burocratas, acima de tudo. Donald Trump, inclusive, tem acenado com o corte do financiamento a esse órgão por conta das “trapalhadas” em relação à pandemia que sugerem proteção à desastrosa política ditatorial chinesa. Sem o dinheiro dos EUA, o montante maior possivelmente seja o da China. O lobby da China seria o mais poderoso frente à OMS, daí o suspeito protecionismo ao país asiático?

Falta de transparência

Com essas ponderações, não estou afirmando que devemos desrespeitar as orientações da OMS sobre a pandemia, afinal, estamos diante de uma situação muito nova e todo cuidado é pouco em relação a um inimigo ainda pouco conhecido, o vírus e a doença. Entretanto, convido os leitores a pensarem nas implicações mais amplas sobre a postura da OMS frente a essa pandemia, mais precisamente sobre possíveis interesses financeiros/econômicos e político-ideológicos por detrás desse órgão de saúde pública mundial. Críticas à OMS não podem simplesmente serem tachadas de “antidemocráticas” ou de “fake news” quando se questiona certas posturas incoerentes e duvidosas. A OMS não deveria ser vista como um órgão intocável, quando sabemos que outros interesses podem estar em jogo. Sem dinheiro dos países que a financiam, essa organização não sobrevive. Se mudarem os “donos do capital” que a mantém, a OMS também mudará suas diretrizes e posturas? Eis, a grande dúvida. Não se sabe até que ponto há isenção científica por parte desse órgão e quais são seus interesses político-ideológicos, visto que é gerida por uma cúpula de burocratas pouco conhecida do grande público. No mínimo, mais transparência a tudo o que se passa nos bastidores das decisões desse órgão deveria existir.

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