Bolsonaristas pedem saída de Ministro da Saúde por polêmica em relação à hidroxicloroquina

Bolsonaristas pedem saída de Ministro da Saúde por polêmica em relação à hidroxicloroquina

por Vanessa Martins de Souza

O crescente número de mortes por Covid-19 no país, tem levado bolsonaristas a pedir a saída do ministro da Saúde, Nelson Teich, nas redes sociais. O motivo principal é a postura do ministro um tanto reticente em relação ao uso dos medicamentos hidroxicloroquina com azitromicina. O ministro não tem se posicionado contrário ao uso desses medicamentos, afirmando que não cabe ao ministério proibir ou não o uso, mas cada médico ou hospital autorizar, estabelecendo um protocolo. De acordo com Teich, cabe ao paciente ou familiares assinar um termo de consentimento declarando estar ciente dos riscos com os efeitos colaterais.

A controvérsia sobre o uso desses medicamentos tem sido evidente, desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, passou a defendê-lo e o presidente Bolsonaro, na sequência, passou a adotar a mesma atitude. A Rede Globo, dias atrás, veiculou reportagem sobre estudo nos Estados Unidos dando conta de que o uso da hidroxicloroquina com ou sem o antibiótico azitromicina não apresentou resultados convincentes. Ou seja, segundo o estudo, não houve diferença no número de mortes entre os que tomaram os medicamentos e os que não tomaram.

Protocolo da Prevent Sênior

Porém, há outras informações que dão conta de evidências empíricas da eficácia desses medicamentos, a exemplo do protocolo criado pela empresa de seguro de saúde Prevent Sênior, de São Paulo. De acordo com a empresa, especializada em clientes a partir dos sessenta anos, houve altas significativas de pacientes com Covid-19 atendidos nos hospitais de sua rede. O virologista Paulo Zanotto, de São Paulo, também é forte defensor do uso do protocolo para esses medicamentos. Durante a semana, também foi veiculada a notícia de que um médico no interior do Piauí, diretor de um hospital, tem adotado esses medicamentos com sucesso. Trata-se de médicos do Hospital Regional Tibério Nunes, localizado em Floriano, no interior do Piauí. O médico piauiense Sabas Vieira informou, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais, que um grupo de profissionais do estado, que atua no combate ao coronavírus, já recuperou cinco pacientes da instituição com uso de hidroxicloroquina e azitromicina. O tratamento contou com a orientação da médica Marina Bucar Barjud, linha de frente no combate à doença no Hospital HM Puerta del Sur, em Madrid, na Espanha. Outra notícia que vai na contramão do estudo norte-americano, veiculado pela Rede Globo, é a iniciativa da Unimed no Pará, que passou a distribuir hidroxicloroquina em drive-thru a pacientes que contam com indicação médica para o uso em casos de Covid-19.

Efeitos colaterais

Quem se disponibilizar a pesquisar sobre esse protocolo de medicamentos, verificará que é preciso adotar esse combo de medicações já nos primeiros dias de sintomas da Covid-19, antes que a doença se agrave, quando já não há praticamente mais chances de cura. Os contrários ao uso da hidroxicloroquina alegam que o medicamento acarretaria efeitos colaterais muito graves, como problemas cardíacos e até cegueira, por danificar a retina. Contudo, a cloroquina é um medicamento muito antigo, muito barato, criado décadas atrás, e muito utilizado com eficácia no combate à malária. Conforme os defensores da cloroquina, ou sua versão mais ‘light’, com menos efeitos colaterais, a hidroxicloroquina, é preciso que a dosagem seja respeitada a fim de não acarretar pesados efeitos colaterais ou até a morte dos pacientes. Para evitar maiores danos colaterais, é preciso que uma dosagem menor comece a ser ministrada paulatinamente nos primeiros dias de sintomas da Covid-19.

Ministro reticente

O posicionamento do Nelson Teich em relação ao uso desses medicamentos deixa a desejar. O ministro tem causado a impressão de que não quer se comprometer na defesa do uso de medicamento tão controverso. Limitou-se a dizer que há graves efeitos colaterais, precisando de autorização do paciente ou familiares para seu uso. Disse apenas obviedades, afinal, todos sabem que qualquer medicamento pode acarretar riscos de efeitos colaterais, até mesmo uma aspirina. Ao lermos a bula, verificamos que não se trata de algo inofensivo. Deparamos com uma assustadora lista de possíveis efeitos colaterais. Vale ressaltar ainda que há médicos defendendo o protocolo hidroxicloroquina com azitromicina mais zinco, afirmando que seus pacientes têm sido curados. A hidroxicloroquina, segundo seus defensores, não exerce a função de matar o vírus, mas de reduzir a inflamação do organismo provocada pelo Sars/Cov 2, garantindo recursos para que o sistema imunológico reaja e consiga combater a proliferação da virose.

Roberto Kalil e a hidroxicloroquina

O cardiologista Roberto Kalil Filho, diretor do Hospital Sírio Libanês, afirmou, no início de abril, que fez uso de hidroxicloroquina, entre outros remédios, como corticoide, anticoagulante e antibiótico, em seu tratamento para a doença.
O cardiologista, que foi médico dos ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer, falou à rádio Jovem Pan sobre o assunto. Disse que tomou uma gama de medicamentos, não podendo atribuir à hidroxicloroquina sua recuperação. Ao ser questionado sobre a posição do presidente Jair Bolsonaro em defesa do medicamento, Kalil adotou cautela. Afirmou que, embora a ciência esteja acima de tudo no combate ao vírus, a cloroquina já é usada há décadas e pode ser considerado seu uso junto com uma gama de outros medicamentos para evitar a ida de pacientes às UTIs e tentar evitar um quadro de colapso no sistema de saúde.

Para o médico, “independente de ideologias”, é preciso minimizar o dano à população e evitar mortes. Nesse momento, continuou o médico, “não dá para ficar esperando grandes estudos científicos com milhares de pacientes. “Daqui a um ano, vamos ficar esperando sair o estudo comprovadamente e aí as pessoas já morreram”, disse.

Tratamentos experimentais

Enfim, a única certeza é que medicina não é uma ciência exata, e o que pode trazer benefícios a um paciente, para outro, pode se revelar inócuo e ou até agravar o quadro. Assim, como existe a certeza de que a Covid-19 é uma doença muito nova, portanto, não conta com estudos definitivos sobre a eficácia dos tratamentos sugeridos e que estão sendo adotados de modo experimental. Neste momento, todo tratamento ainda é feito de modo experimental. Simplesmente, porque a ciência e seus estudos, dentro de todos os rigores técnico-científicos, demanda tempo. E não há tempo para isso diante da emergência de uma pandemia. É uma questão de avaliar a relação custo/benefício a cada paciente.

Ideologização dos tratamentos

Entretanto, é preciso deixar ideologias de lado quando se trata de ciência e medicina. Infelizmente, a ideologização da Covid-19 tem atrapalhado, e muito, a divulgação de informações sobre o uso de determinados medicamentos. Há a possibilidade de tratar a Covid-19 também com os anticoagulantes, como a heparina, que tem trazido bons resultados em certos casos. Mais uma alternativa que tem sido pouco divulgada pela grande mídia, principalmente, a televisiva. Lamentavelmente, há uma guerra ideológica em que a informação tem sido vítima, também, juntamente com as vítimas da Covid-19.

publicidade

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress