por Luci Serricchio
Ainda perplexos com os acontecimentos, vamos nos adaptando a uma nova vida de preocupações, confinamento e cuidados. Afinal no mundo globalizado tudo acontece muito rápido, independentemente de onde nos encontramos. E a realidade nos “pega na esquina”, parecendo até um filme de terror.
Nesse momento em que o mundo procura formas de se prevenir do Covid-19 (coronavírus), nós, responsáveis pelas crianças, precisamos tomar decisões e procurar soluções para essa nova realidade.
Com a suspensão das aulas, crianças e adolescentes passam a ficar em casa, alguns pais também, por terem a possibilidade de trabalhar à distância. Outros ainda correm riscos por necessitarem estar em seus locais de trabalho. Dentro desse quadro fica a questão: o que faremos com nossas crianças e adolescentes?
Pais em casa precisam de sossego para trabalhar. Pais fora de casa precisam de sossego para saírem tranquilos. Nessa hora não se pode contar com os avós, pois já sabemos que pertencem ao grupo de risco e devem se manter em isolamento. Nos resta buscar soluções dentro de casa para as crianças e adolescentes e esperar que os pais que têm que se ausentar, encontrem solidariedade entre parentes e vizinhos.
Quanto às crianças, vale lembrar que essa situação de angústia pode gerar efeitos negativos. Elas podem apresentar desde problemas de saúde até frustração, irritação, tédio, etc. Podem se provocar, brigar e “enlouquecer” os pais. Neste momento, é necessário ter muita tranquilidade para administrar tudo da maneira mais harmônica possível.
Ficar longe dos colegas e não ter espaço ao ar livre para jogar, brincar, correr é muito triste. Os adultos têm que pensar em atividades que venham a envolver as crianças, motivá-las a ter uma outra forma de viver de modo saudável.
Acima de tudo, falar a verdade é essencial. Mostrar que estar isolado significa segurança para eles próprios e para os outros e que ser solidário é bom! As crianças ficam mais seguras quando sentem firmeza nos adultos e sabem que não estão sendo enganadas. Até porque a mídia e as redes sociais estão mostrando tudo. Se nos causa medo, imagine a elas.
Como a rotina normal vai estar alterada, faz-se necessário criar uma nova rotina. Eles não podem pensar que estão de férias, pois sabemos que não é isso! Seria ótimo que crianças e adolescentes tivessem um horário sossegado para ler, fazer tarefas da escola (se for o caso), fazer pesquisas, aumentar seus conhecimentos gerais de uma maneira diferente. Um tempo que favoreceria os pais que estão trabalhando em casa.
Nessa nova rotina, também é preciso organizar o sono. A criança e o jovem tendem a pensar que não tendo aula, não precisam ter horário para dormir, mas é sim preciso manter as oito horas de sono, de preferência no horário normal. Quanto à alimentação, estar em casa leva a idas e vindas à geladeira, à despensa e corre-se o risco de uma alimentação mal balanceada. Por isso, é bom pensar nas compras de uma maneira inteligente e nutritiva.
O confinamento pode ser um ótimo motivo para integrar a família. Vamos divertir as crianças e nos divertir com jogos, brincadeiras, filmes, música, culinária. E por que não com trabalho doméstico? Uma boa atividade é dar e dividir responsabilidades – varrer, lavar a louça, arrumar a cama, etc.
Se a casa tem quintal, seria ótimo um horário para tomar sol, correr, brincar. Se a família mora em apartamento pode usar o terraço e a área de serviço para tomar um pouco de ar e, se der sorte, pegar um solzinho. Um perigo é o pátio ou jardim do prédio ou condomínio. Como saber se as outras crianças estão protegidas?
Na perspectiva de criar situações agradáveis e reunir a família, é a hora de brincar de bingo, jogos de mesa (detetive, ludo, dama, trilha), mímica, mágica, jogos com baralho. Dançar, cantar, morto/vivo, jogos corporais de imitação. Vai ser uma folia agregadora. Com paciência e afeto há esperança. Quem sabe não sairemos todos melhores dessa experiência?
Luci Serricchio, Coordenadora de Língua Portuguesa do Colégio Marista Anjo da Guarda