Nas últimas semana, acompanhamos em diversas estradas brasileiras o movimento dos caminhoneiros por melhores condições de trabalho, incluindo diminuição no preço do diesel, aumento no valor do frete e estradas de qualidade.
E para conhecer o verdeiro motivo das paralisações, a reportagem do jornal A Gazeta Cidade de Pinhais conversou com caminhoneiros de Pinhais para ouvir suas versões em relação ao desfecho da greve deflagrada em todo o país.
De acordo com nossos entrevistados, a maioria dos grevistas são autônomos e têm enfrentado muitas dificuldades. Eles se colocam a favor da greve porque o frete está muito baixo, o desgaste de pneus é grande, o diesel ficou muito caro. “O custo de rodagem está em torno de R$ 3,00 por km rodado, e dependendo do frete chegamos a receber menos de R$ 2,00. Isso não cobre nem a despesa”, desabafam.
Problemas nas estradas
Dentre os diversos motivos das manifestações está também o pedágio caríssimo e outros problemas encontrados pelos profissionais das estradas. “Antes, o banho era de graça nos postos, agora ficou caro. Não temos onde dormir sem pagar, ou seja, nenhum conforto. Andando pelo Brasil, encontramos motoristas sofridos de dar dó”, argumentam. Os caminhoneiros alegam que já fazem três anos que o frete não aumenta, e enquanto isso as despesas sobem a cada dia.
Só o frete não aumentou
O caminhoneiro Claudiomar Berté revela que suas viagens para o Norte e Nordeste rendem de 20 a 30% de lucro, sendo que ainda precisa pagar as despesas de casa e mais a parcela do caminhão, além da reposição de peças e pneus. “Comprei meu caminhão acreditando na economia pujante prevista para o Brasil. Mas tudo aumentou de preço, apenas o frete não teve reajuste. Chega a ter meses que mal consigo pagar as despesas. E quando o caminhão quebra, todo o orçamento do mês fica comprometido, ainda mais se eu estiver longe de casa”, conta Claudiomar.
Para Aramis dos Santos, os fretes para as transportadoras é bom, mas para quem é autônomo sobram os piores serviços, ou seja, os menores valores a serem pagos. Acho que deveria ter uma tabela de preços específica para os autônomos’, pleiteia Aramis.
Importância dos caminhoneiros
Para os profissionais, com relação ao congelamento do preço do diesel, anunciado pelo Governo Federal, não vai mudar nada. “Isso deve ser apenas uma jogada para acabar com a greve. Seis meses passam muito rápido, isso não vai aliviar o bolso do caminhoneiro. O país depende dos caminhões para tudo”, consideram.
Quanto a falta de mercadoria nos mercados, ele disseram que serviu para provar a importância da categoria. “As pessoas acabaram apoiando a greve, apesar de tudo. Esta é a maior prova que é verdadeiro o ditado que diz: sem o caminhoneiro, o Brasil para. O caminhão entra em locais onde nenhum outro transporte consegue chegar”, Ressaltam
Problemas nas rodovias
Quanto aos pedágios, Claudiomar e Aramis são a favor, desde que não cobre pelos eixos erguidos. “Temos consciencia que as rodovias pedagiadas apresentam melhor trafegabilidade” concordam. Porém, Claudiomar lamenta que, muitas vezes, as rodovias sem duplicação, como a Br 153, entre Goiás e Tocantins, a 262, do Espirito Santo até Brasilia, a 040, de Belo horizonte a Brasilia, e até a 277, no Paraná, enfrentam trechos muito ruins, com muita trepidação, buracos e sinalizações inadequadas, sem contar a falta de acostamentos.
Para Aramis, tudo isso aumenta o desgaste do caminhão. Ele lembra ainda que, as vezes, as pessoas criticam os motoristas, mas esquecem que passamos grande parte de nossas vidas longe de casa, longe da família. “Na verdade, a gente vem passear em casa”, analisa. “Mas tudo isso poderia ser superado se recebessemos pagamentos justos”, consideram.
Financiamento: um sonho distante
Segundo nossos entrevistados, mesmo com o Governo Federal facilitando o financiamento para novos caminhões, nas condições que se encontram o diesel e dos fretes, muitos caminhoneiros ja estão no SPC ou SERASA. “O Finame e o Pró-caminhoneiro só beneficiam as grandes empresas. Os autônomos acabam tendo de se sujeitar a outros tipos de financiamentos, com juros muito altos. Dessa forma fica difícil, porque mexe no que poderia ser o nosso lucro”, explicam.
Mudanças na aposentadoria
Outra questão levantada pelos caminhoneiros, é que antigamente com 25 anos de trabalho o profissional tinha direito á aposentaria. “Hoje é preciso ficar muito mais tempo na ativa, por isso, algumas vezes, o cansaço e a fadiga acaba causando acidentes. São dez anos de trabalho a mais para poder se aposentar. Em cima de um caminhão, isso é inconcebível. Quando a gente conseguir se apontar, já vamos estar usando bengala”, justifica Aramis