Os jovens, de 21 anos, são as principais vítimas, de acordo com dados do Mapa da Violência, pesquisa do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela). O levantamento também mostra um aumento no índice de morte de jovens que conduzem motocicleta. Neste caso, a falta do uso de capacete é o principal agravante. No Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito, no terceiro domingo de novembro, a Perkons ouviu especialistas para entender quais ações tornam o jovem mais vulnerável no trânsito.
Para a especialista em trânsito da Perkons, Idaura Lobo Dias, há questões comportamentais que precisam ser trabalhadas para reduzir o número de acidentes. É comum aos jovens ações ousadas e de risco. Eles abusam da combinação excesso de velocidade e direção perigosa e desrespeitam as leis de trânsito. “Na sua maioria, eles tendem a achar que dirigir proporciona a sensação de liberdade, tão desejada nesta fase. São ansiosos, querem tudo para já e não podem perder tempo com nada. Há ainda o prazer proporcionado pela alta velocidade e pela adrenalina, com a ideia de curtir a vida ao máximo”, afirma.
Há muitas razões sociológicas, históricas e até mesmo econômicas para justificar a alta mortalidade do jovem, de acordo com o sociólogo especialista em educação e segurança no trânsito, Eduardo Biavatti. “Para muitos jovens, essa idade sinaliza o primeiro momento de autonomia após a maioridade legal. É o período de conclusão, também, da formação universitária e do começo de uma vida profissional, o que possibilita a independência financeira, fundamental para o consumo de bens e serviços”, explica.
Aos 21 anos, os jovens já habilitados para a condução de veículos motorizados, encontram-se nos anos iniciais de experiência de direção veicular. “Nessa idade, a expansão dos círculos de relação social e afetiva impulsionam a necessidade de maior mobilidade na cidade. A alta exposição desse jovem aos riscos de envolvimento em colisões e atropelamentos é um fenômeno multidimensional por definição”, complementa o sociólogo.
Algumas características comportamentais do jovem, como a incapacidade de negociar situações, de antecipar erros e imprevistos e de decidir com rapidez para mudar o curso da ação, são fatores de risco. “Todas essas atitudes produzem risco no trânsito, seja caminhando, pedalando ou dirigindo qualquer veículo automotor. Chegar nesse jovem de 21 anos requer um esforço do qual deveriam ter como aliados fundamentais o ambiente universitário e de trabalho. É preciso mais do que debate para atingi-los”, completa Biavatti.
Fatores que tendem a evitar acidentes de trânsito como um todo, são garantir condições adequadas para o tráfego – boas estradas, sinalização, entre outros -, além de investir na conscientização de condutas perigosas e fiscalizar para que toda conduta que coloque em risco a vida seja reprimida. Para a especialista da Perkons, somente com a combinação de fiscalização constante, engenharia eficaz e educação permanente os números de acidentes irão diminuir. “A formação do condutor também é fundamental para reduzir comportamentos de risco”, completa.