Mulheres constroem a educação pública do Paraná

Mulheres constroem a educação pública do Paraná

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Secretaria homenageia as que marcaram a história da educação e todas as que, hoje, contribuem para fortalecer a rede estadual de ensino.

Mais de 80% do Quadro Próprio do Magistério paranaense é composto por mulheres. Além de estarem no comando das salas de aula, na organização e planejamento pedagógico, elas também cuidam da merenda, da limpeza e da administração dos mais de 2 mil colégios estaduais do Paraná.

“Na Educação do Paraná, as mulheres são a grande maioria, e nós agradecemos a todas elas e as homenageamos por serem parte essencial da construção da nossa educação e por cuidarem dos nossos alunos”, disse o secretário Renato Feder.

Ele destacou que nas últimas décadas as mulheres conquistaram um espaço importante em todos os setores da sociedade.

“O Dia da Mulher é uma data de comemoração dos avanços que elas conquistaram nos últimos anos, mas também uma lembrança do que ainda falta para termos uma sociedade mais justa e igualitária. Na Educação temos muitos exemplos de mulheres que trabalharam por isso”, concluiu.

PIONEIRA PELA INCLUSÃO

Não é uma tarefa difícil encontrar praças, bibliotecas e escolas espalhadas pelo Paraná com homenagens a mulheres que tiveram papel fundamental na construção da educação pública do Estado. O Colégio Estadual Júlia Wanderley, uma das instituições de ensino mais tradicionais de Curitiba, leva o nome de uma personagem vanguardista da educação do Paraná que lutou pela inclusão das mulheres no ensino superior.

Em 1890, a professora Júlia Wanderley liderou um movimento para o ingresso de mulheres no educandário, até então aberto somente para alunos homens, e em 1892 recebeu o título de professora normalista.

“Ela foi uma idealizadora que abriu as portas das faculdades para todas as mulheres do Paraná. Júlia Wanderley foi a primeira professora do nosso Estado e essa conquista permitiu que as mulheres estudassem. E quando você tem acesso à educação, você constrói a sua própria história”, disse a diretora auxiliar do colégio, Valéria Meller Pereira da Silva. De acordo com ela, esse foi o principal legado deixado pela professora, a inclusão feminina no ensino superior.

Para manter vivo esse legado, o colégio inaugurou, em 2017, um acervo em homenagem à Júlia Wanderley. O memorial, que fica no hall de entrada da escola, conta com uma galeria de fotos inéditas da educadora. São imagens doadas pelos familiares que retratam a trajetória e a contribuição da professora para evolução da educação paranaense.

O memorial possui ainda um busto esculpido em granito pelo artista paranaense Erbo Stenzel. Parte do acervo fotográfico foi doado à instituição de ensino pelo Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

ALFABETIZAÇÃO

Outra professora que fez história e hoje nomeia um colégio estadual foi Isabel Lopes Santos Souza. Nascida no município da Lapa, em 1891, ela iniciou a carreira no magistério aos 20 anos, atuando principalmente nos municípios de Paranaguá e Curitiba. Durante quatro décadas lecionando, Isabel passou por instituições tradicionais, como o Grupo Escolar 19 de Dezembro, hoje Escola Municipal Batel, na Capital.

“A professora Isabel deixou um legado importante na educação do Paraná porque dedicou toda sua vida em prol da alfabetização dos estudantes. Ela foi uma mulher que realmente tinha a educação como meta de vida e sempre trabalhou pensando com o coração porque amava o que fazia”, disse o diretor do colégio, Averaldo de Odoro.

A escola continua o legado deixado pela professora ofertando a Educação para Jovens e Adultos (EJA), além dos ensinos Fundamental e Médio para 600 estudantes. Na Praça 29 de Março, uma das mais tradicionais de Curitiba, existe desde 2006 um jardim em homenagem à educadora. A professora Isabel morreu em 1980, em Curitiba, aos 89 anos.

CONQUISTAS NO PRESENTE

Ao longo da história, mulheres desempenharam papel fundamental na construção da educação pública do Paraná. A própria Secretaria de Estado da Educação foi administrada por seis mulheres que contribuíram para avanços importantes na educação pública estadual e, hoje, outras personagens dessa história continuam construindo seus legados no cotidiano escolar.

Há 16 anos, a professora Edilaine Regina Triani está à frente do Colégio Estadual Pedro Macedo, em Curitiba, seja como diretora-geral ou diretora auxiliar. “Escolhi ser diretora para exercer meu papel de cidadã, pois acredito que posso contribuir com a educação. Acredito que a educação é a base de uma sociedade mais igualitária e justa”, destacou Edilaine.

Já a professora Kelly Rosa Walendorff comanda a administração do Colégio Estadual Professora Elenir Linke, em Cantagalo (Centro-Sul), há cinco anos. “Decidi ser diretora porque pensei que eu poderia ser útil para minha comunidade. E se a escola oferecer uma educação de qualidade, com certeza colheremos bons resultados. A mulher tem um espírito maternal e essa sensibilidade permite observar a educação como ferramenta para transformar a vida das nossas crianças”, disse.

Claudineia da Silva Vargas está iniciando o quarto ano como diretora do Colégio Estadual Cianorte, o maior do município localizado no Noroeste do Estado. Ela contou que não pensava em ser diretora até ser convidada pelos colegas para assumir a função. “Mas eu fui escolhida pelos meus pares porque eles viram em mim uma alternativa para implementar uma gestão democrática em nossa instituição de ensino, e confesso que tem sido uma experiência maravilhosa porque a educação é a base para a vida, a melhor herança que podemos deixar.”

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