Depois da posse de Ratinho, no Paraná, foi a vez Jair Bolsonaro ser empossado em Brasília. A julgar por seus discursos, no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto, o Presidente da República recém-empossado não sinalizou nenhum direcionamento diferente do que foi proposto durante a campanha eleitoral. O que se revela um bom sinal, afinal, seu eleitorado o colocou no poder com a expectativa de firmeza e determinação no cumprimento de agendas cruciais, a exemplo de maior rigor na gestão da segurança pública, e nas questões ideológicas bastante debatidas e valorizadas, como o “ combate ao socialismo, ao politicamente correto e à ideologia de gênero”. Tais temas foram reiterados durante os dois discursos.
Convocação de congressistas
No Congresso Nacional, Bolsonaro convocou deputados federais e senadores para ajudarem a libertar o Brasil do jugo da corrupção, criminalidade, irresponsabilidade econômica e submissão ideológica. Porém, não mencionou as diferenças ideológicas que naturalmente existem numa democracia representativa dentro do Congresso Nacional, e não teceu nenhum comentário ao movimento de resistência política a seu governo já deliberadamente assumido por partidos como PT, PSOL e PC do B.
A valorização da família e o respeito a todas as religiões foram mencionadas no discurso do novo Presidente do Brasil. Bolsonaro ainda lembrou do atentado a facadas, referindo-se a “inimigos da Pátria”, e que só chegou à Presidência da República porque o povo foi às ruas, engajando-se em sua campanha eleitoral, transformando-se num movimento cívico que cobriu-se de verde e amarelo todo o país.
Respaldo jurídico no Congresso Nacional
Jair Messias Bolsonaro ressaltou também que governará para construir uma sociedade sem discriminações e divisões, propondo um governo que se pautará pela vontade soberana daqueles que querem escolas formadoras de cidadãos preparados para o mercado de trabalho, ao invés de redutos de militantes. “Faremos um governo voltado à sociedade que sonha com a liberdade de ir e vir nas ruas com sua segurança garantida e que buscam empregos pelo mérito pessoal”.
O respeito ao resultado do referendo de 2005, onde venceu o ‘Não’ ao desarmamento da população, entrou no discurso, tendo sido uma das grandes bandeiras de sua plataforma eleitoral, inclusive. Bolsonaro acrescentou que os policiais serão honrados e valorizados no exercício de suas funções. Para isso, pediu apoio ao Congresso Nacional, a fim de que forneça o respaldo jurídico necessário à atuação dos policiais no combate à criminalidade.
Sem barganhas
Quanto à escolha dos nomes para comandar Ministérios, Secretarias, Estatais, Autarquias, mais uma vez o Presidente deixou claro que foram escolhas pautadas sem a tradicional barganha política que tanto compromete a competência e estimula a corrupção. Em especial, sobre o Congresso Nacional, Bolsonaro frisou que deseja resgatar a legitimidade e credibilidade das duas Casas Legislativas: Câmara dos Deputados e Senado Federal.
“Libertação do socialismo”
Durante a transmissão de cargo no Palácio do Governo, dirigindo-se ao grande público que o assistia na área externa, o Chefe do Executivo Nacional disse que tem ciência de que é o início de um trabalho árduo, de muitos desafios, e que este (1º de janeiro) é o dia em que o povo brasileiro começou a libertar-se do socialismo. O combate às ideologias e o discurso conservador (principal mote de campanha) dominaram os holofotes. Bolsonaro dirigiu-se aos populares na transmissão de cargo referindo-se às ideologias que deformam valores, tradições e família- alicerces da sociedade. O combate à corrupção e aos privilégios, substituindo-os pela meritocracia e trabalho de um governo honesto e eficiente, também tiveram força no discurso de posse.
“Sabedoria para guiar a nação”
Enfim, de forma coerente com tudo que foi defendido em campanha, mas com apelo popular, em razão do enorme público presente – cerca de 115 mil pessoas – Bolsonaro repetiu grandes bandeiras eleitorais, a exemplo de acabar com a ideologia que defende bandidos ao invés de policiais em serviço. Onde o crime organizado impera, em detrimento da segurança do cidadão de bem. “O direito à propriedade e à legítima defesa estarão assegurados em meu Governo. No entanto, tenho consciencia dos desafios e responsabilidades que teremos pela frente. Sei também da necessidade das reformas estruturantes que precisamos fazer. Por isso, peço a Deus sabedoria para guiar a nação”, disse. Por fim, Bolsonaro encerrou o discurso com o famoso bordão de campanha, “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.