por Dr. André Fuck || www.programaact4.com.br
Um dos maiores problemas com as pessoas que emagrecem de forma satisfatória é o reganho de peso no futuro. Isso pode ocorrer logo após o término do emagrecimento ou anos depois, pode ocorrer de maneira lenta e gradual ou de forma rápida. Além disso, não é incomum ver pessoas ganharem mais peso do que tinham antes de iniciarem o processo de emagrecimento. Até mesmo pessoas que foram submetidas a procedimentos bariátricos sofrem desse problema, não sendo incomum também encontrá-las, alguns anos depois, com o mesmo peso do pré-operatório.
Tudo isso é muito frustrante e acaba desmotivando muitas pessoas de até começarem um tratamento ou dieta. Já é tão difícil emagrecer, e ainda temos que lidar com a perda de parte ou todo o resultado alcançado a muito custo. Mas afinal, por que isso ocorre? E o que fazer para evitar, ao menos em parte, o reganho de peso?
Essas questões parecem precisar de respostas simples, mas a ciência tem “quebrado a cabeça” para respondê-las de forma adequada e o que se sabe é que o problema é bem complexo. Durante os milhares de anos da evolução humana, os seres mais aptos sempre foram os que conseguiam estocar energia, em forma de gordura, de maneira mais eficiente. Seja pela escassez do alimento da época ou pelo benefício do isolamento térmico da gordura, a seleção natural nos tornou seres formadores, e não queimadores, de tecido adiposo. Temos, como herança dos nossos ancestrais, uma resistência enorme do nosso metabolismo à perda de peso. E, mais do que isso, quando perdemos peso, nosso sistema metabólico trata logo de resolver a questão diminuindo nossa taxa metabólica de repouso e o reganho é quase inevitável.
Tentando entender essa questão melhor, cientistas norte-americanos resolveram estudar os participantes de uma temporada do famoso reality show chamado “The Biggest Loser” durante o período de emagrecimento ativo no programa e 6 anos depois. Ficou claro que, na fase inicial de emagrecimento, os melhores resultados foram obtidos com as maiores restrições na dieta e o nível de atividade física não foi tão importante para a perda de peso. Entretanto, quando foram observar os participantes 6 anos depois, essa relação praticamente se inverteu. A maior diferença entre os que tiveram maiores ou menores reganhos de peso foi o nível de atividade física mantida na rotina diária.
Esses resultados coincidem com o que muitos estudos já traziam, porém com muito mais credibilidade em função dos métodos de avaliação utilizados. Isso não quer dizer que a dieta se torna menos importante, mas sim, que é o nível de atividade física o maior indicador da prevenção de reganho de peso no longo prazo. Por fim, este estudo ainda comprovou que as metas desejadas de atividade física diária são de 80 minutos de atividade moderada ou 35 minutos de atividade vigorosa, todos os dias da semana. Isso parece muito, mas é a chave para conseguir manter o peso perdido no futuro. Em um próximo texto, falaremos sobre as diferenças entre atividade física leve, moderada e vigorosa. Mas, independente do tipo e intensidade, já sabemos que o segredo de quem mantém o peso perdido é se manter ativo. E muito…
André Ricardo Fuck
Endocrinologista e tem se dedicado a entender melhor o tratamento da obesidade para ajudar seus pacientes a emagrecerem com sucesso. No Programa ACT4, é responsável por todo o acompanhamento médico.