Índice de (In)felicidade

Índice de (In)felicidade

por Fernando Pinho

O combalido ativismo econômico estatal prejudicou e continua prejudicando muitos países ao redor do mundo, inclusa a América Latina, condenando gerações inteiras à miséria e desesperança.

O continente onde moramos está há décadas imobilizado, sempre pelos mesmos problemas: políticas econômicas que só geram crescimento de curto prazo (desastrada heterodoxia), crises políticas, máquinas públicas oneradas pelo excesso de funcionários apadrinhados e despreparados, promessas nunca cumpridas, oferta de serviços de padrão indigente, corrupção, desrespeito aos eleitores, violência exacerbada, carga tributária excessiva, crescente informalidade no mercado de trabalho, fuga de capitais, sistema educacional fragilizado, desajustes cambiais, déficits públicos crônicos, desabastecimento e inflação descontrolada. Já dizia Milton Friedman, economista norte-americano, Prêmio Nobel em 1976, que “a inflação é uma doença capaz de destruir uma sociedade”.

Adicione-se a esse diagnóstico, um aumento brutal do desemprego, como ocorre no Brasil atual, e o termo não-teórico que os economistas atribuem ao efeito debilitante sobre as pessoas, que redunda em infelicidade. Tal indicador piorou rapidamente em nosso país, no período 2015/16.

Segundo a Rede de Soluções em Desenvolvimento Sustentável, órgão da ONU, que desde 2012 instituiu o Dia Internacional da Felicidade, e publica um relatório oficial, que apresenta a lista de países mais felizes e mais infelizes do planeta, dentre 155 países, o Brasil ficou, em 2016, na posição 22. Entre 2013/15, o país ocupou a posição 17. Entre os dados observados estão: desempenho da Economia (PIB per capita), apoio social, expectativa de vida, liberdade de escolha, generosidade e percepção de corrupção. O ranking é liderado por: Noruega, Dinamarca, Islândia, Suíça e Finlândia. Na outra ponta, os menos felizes: Ruanda, Síria, Tanzânia, Burundi e República Centro-Africana. No caso latino-americano, a baixa produtividade das economias também contribui muito para esse descalabro, pois trabalha-se pouco e com baixo padrão de qualidade. Nesse aspecto, aproveitando o hercúleo esforço que está sendo feito para reformar o sistema trabalhista, previdenciário e tributário, o empresariado e os setores esclarecidos da sociedade deveriam começar a pressionar os políticos legisladores, objetivando eliminar o excesso de feriados prolongados (Carnaval, Copa do Mundo etc), que prejudicam tanto a economia, quanto a corrupção, pela perda de produtividade. Será que não há demanda de serviços públicos nessas ocasiões? Não custa lembrar que há um grande e crescente número de pessoas que não tem a mínima afinidade com esses eventos acima elencados. Qual o objetivo de obrigar essas pessoas a suportar essa “ditadura” dos feriados prolongados?

Infelizmente, a falta de maturidade de grandes segmentos da sociedade brasileira é assustadora, absolutamente incompatível com o desejo de alcançar o pleno desenvolvimento econômico e social. Uma sociedade de zumbis. Outra mazela causada pelo subdesenvolvimento do Cone Sul é a baixa apetência ao empreendedorismo, insuflada pela abertura indiscriminada de vagas no setor público, que acabou tornando-se “objeto do desejo” de muitas pessoas, atraídas por insustentáveis atrativos salariais, no longo prazo. Todo esse processo de intervencionismo acaba tornando-se um moto-contínuo, pois as pessoas começam a demandar do Estado, cada vez mais, um nível de tutela crescente, abdicando da saudável prerrogativa de decidir os próprios destinos. E, depois, reclamam que o Estado é ingovernável e paquidérmico.

A sociedade é aquilo que dela fazemos e cabe a cada cidadão decidir agora, de forma consciente, o que deve ser feito, visando evitar que saiamos do terceiro para o quarto mundo, como parece ser o desejo de muitos.

Fernando Pinho
Economista, palestrante e consultor financeiro da Prospering Consultoria.
http://blog.fpinho.com.br/

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