sexta-feira, 19 de abril de 2024
Sonia Barvick, uma das primeiras moradoras do bairro Pineville

Sonia Barvick, uma das primeiras moradoras do bairro Pineville

por Noelcir Bello

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Nascida em Pinhais, no ano de 1959, Sonia Barvick sempre morou na mesma região, hoje conhecida como Pineville.

Desde criança, frequentou a escola Nossa Senhora de Fátima, em frente ao Colégio Militar de Curitiba. Para estudar, Sonia precisava do trem para se deslocar. Na época, as crianças do colégio não chegavam perto dela, só porque morava em Pinhais. Sonia era considerada índia, já que morava em Pinhais.

Ao terminar a quarta série, teve de ir até Piraquara, ao Colégio Romário Martins, para realizar um exame de admissão, que era exigido para ingressar no quinto ano. Quando passou na admissão, teve de parar de estudar, pois sua mãe havia acabado de se divorciar e precisava de ajuda para sustentar a casa.

Muito saudosa, Sonia lembra que sua mãe, que atualmente mora na Vila Varginha, no Centro, sempre a ajudou e a ensinou a ser uma grande pessoa.Toda família tinha a dona Edith como a matriarca batalhadora.

Infância divertida

No tempo de menina, nossa entrevistada lembra que era muito gostoso de se viver. Uma de suas tarefas era buscar leite na casa do velho Amélio, todas as manhãs. Ao atravessar um antigo campinho, tinha que enfrentar o caminho onde um touro teimava em ficar, parecia até saber o tamanho do medo de Sonia. Ela precisava fazer um grande desvio, o que aumentava o tempo do percurso e, como resultado da demora, dona Edith sempre lhe dava uma tremenda bronca.

No início dos anos 70 não havia asfalto, havia muito mato e poucos vizinhos. Ela conta que tinha umas dez ou doze residências em toda a região, onde hoje é o bairro Pineville. Sua família, os Barvick, segundo Sonia, foi a fundadora do bairro, e até hoje todos moram na região ou no entorno de Pinhais.

A grande diversão enquanto criança era fazer fogo, cozinhar e brincar no meio do milharal. Sorrindo, Sonia disse que ela e seus primos tiravam os cabelos das espigas de milho, nas plantações da região, para brincar. Outra diversão era subir em um pé de uva japonesa e cantar as músicas de Wanderlei Cardozo.

Viagem de trem para o litoral

Em sua adolescência, viajava de trem todos os fins de semana para visitar Morretes, sempre acompanhada da família. A turma que ia era grande e, segundo Sonia, faziam a maior festa. “Adoraria levar os meus netos para andarem de trem também, mas ficou tudo tão caro. Hoje, não é possível aproveitar da mesma forma como antes”, apontou.

Em 1975, quando nevou em Pinhais, ela lembra que os pinheiros ficaram muito lindos, inclusive sua mãe a tirou cedo da cama para curtir a paisagem. “Foi uma imagem linda e encantadora. Parecia cena de TV”, garantiu.

Um casamento cercado por situações inusitadas

Vale lembrar a história muito bonita vivida por Sonia, quando se casou com o mesmo homem em três situações, para finalmente realizar a grande celebração. Na primeira vez, o casal que foi escolhido para ser marido e esposa por seus pais, aproveitou uma visita de alguns missionários que estiveram no bairro vizinho, o antigo Esplanada. Porém, a emoção foi tanta que esqueceram de retirar o certificado do casamento.

Na segunda ocasião, foram convidados para participar de um retiro para casais, no entanto, só poderiam participar casais que comprovassem estar casados. Foi então que resolveram participar de outro casamento. Já em posse do papel comprovando o casamento, estiveram no retiro.

Apesar de “dois casamentos”, ainda faltava realizar o sonho de Sonia, casar usando um vestido de noiva. E, pela terceira vez, iriam se casar. Mas, parecia que a emoção deveria acompanhar o casal sempre. Ao chegarem à igreja do Boa Esperança, o Padre da época havia esquecido que deveria realizar o casamento dos dois. Os convidados já estavam impacientes e entraram na Casa Paroquial para chamar o Padre, que só assim finalmente apareceu para realizar o matrimônio.

Exemplo de empreendedorismo e persistência

Sonia já mudou de ramo diversas vezes e atualmente tem a sorveteria Cantinho da Soninha. Sempre gostou muito de negociar e, por isso, tem como passatempo este comércio.

Toda a comunidade da região conhece sua simpatia e admiram o seu trabalho. Muitas pessoas adoram conversar com ela e, após frequentarem a igreja, costumam passar em sua lanchonete para fazer um lanche ou tomar um sorvete.

Soninha, como é chamada carinhosamente pelas pessoas, criou quatro filhos e nove netos, sendo que a neta mais velha, a Davinim, já tem 21 anos e o neto mais novo, o Rafael, tem três anos.

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