quinta-feira, 28 de março de 2024
Programa Mais Médicos do Governo Federal trouxe profissionais qualificados para Pinhais

Programa Mais Médicos do Governo Federal trouxe profissionais qualificados para Pinhais

por Noelcir Bello

Nossa reportagem conversou com dois médicos do Programa Mais Médicos, do Governo Federal, que atendem em unidades de saúde de Pinhais. Dr. Leandro da Cruz e Dr. José Hector nos contaram um pouco de suas histórias, suas impressões do SUS (Sistema Único de Saúde) e da saúde em Pinhais.

 

Dr. Leandro da Cruz

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O médico Leandro da Cruz nasceu em Curitiba, morou em Corupá, Santa Catarina, e aos 25 anos foi para Cuba estudar medicina, no ano de 2007, aproveitando uma oportunidade que surgiu através do movimento estudantil.

Participou de uma rígida seleção e foi aprovado para estudar medicina. Ao chegar naquele país, foi novamente submetido a uma bateria de provas e provou ser apto a permanecer no projeto. “Foi uma grande aventura, pois não havia um aporte de bolsa de estudo. O Brasil apenas ajudava na viagem, o restante quem bancava era Cuba, do seu jeito”, lembrou Leandro.

A Gazeta Cidade de Pinhais: Como foi o processo de formação?
Dr. Leandro: Na época, foram 400 estudantes brasileiros para Cuba. O difícil foi a adaptação à cultura, ao idioma, a alimentação e até mesmo as necessidades básicas. Até o terceiro ano apenas estudamos e após esse período passamos a atender nos hospitais, recebendo apenas apoio básico para compra de produtos triviais, do dia a dia.

A Gazeta Cidade de Pinhais: Como foi sua chegada a Pinhais?
Dr. Leandro: Depois de formados, retornamos ao Brasil e por ser a primeira turma se fez necessário muitas negociações, com o apoio do governo brasileiro, para que o nosso diploma fosse reconhecido aqui. Os médicos foram selecionados a dedo, com experiência já comprovada, para não denegrir a boa imagem de Cuba na saúde. Fui muito bem recebido em Pinhais. Os munícipes e os colegas de trabalhos são muito solidários.

A Gazeta Cidade de Pinhais: Existe semelhança na forma como Brasil e Cuba cuidam da saúde da população?
Dr. Leandro: Os dois países dão ênfase a saúde primária, mas acredito que aqui ainda não há médicos suficientes para atender a demanda. Cuba teve um período especial ao passar pelo embargo e como o acesso aos remédios era muito difícil, foram forçados a dar uma atenção especial ao atendimento primário de saúde. Se o SUS tivesse a capacidade total de atendimento, haveria uma queda nos atendimentos particulares. Pra saúde se estabilizar é preciso material, equipamentos, demanda de médicos e um intercâmbio entre médico e sociedade.

A Gazeta Cidade de Pinhais: Como é feita a avaliação de sua atuação no Brasil?
Dr. Leandro: O Ministério da Saúde faz um acompanhamento periódico. Caso não esteja sendo cumpridas as exigências, bem como se não houver a aceitação da população e da Secretaria de Saúde, o profissional é desligado do Programa. Além disso, existe o prontuário, onde ficam todos os registros de atendimento, o que também faz parte da avaliação. Os colegas médicos criaram ainda um grupo de Whatsapp, chamado Revalida, onde é permanente ocorre a troca de experiências entre os que se formaram em Cuba.

 

Dr. José Hector Sahagun Flores

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O Dr. José Hector nasceu no México e lá também se formou. Trabalhou nos Estados Unidos, no México e agora atua no Brasil. Ao chegar a Pinhais, já sabia que as pessoas precisariam de um tempo para entender os benefícios do Programa Mais Médicos, até pela repercussão causada em todo Brasil após o anúncio do Programa. No entanto, a adaptação foi quase que instantânea. “Gosto muito das pessoas, dos pacientes e a equipe de trabalho. São muito eficientes e os agentes comunitários trabalham muito, facilitando todo o sistema de saúde”, apontou José Hector.

A Gazeta Cidade de Pinhais: Como foi estudar medicina no México?
Dr. José Hector: No México, depois da faculdade, o formado precisa trabalhar por um ano com o salário básico e morar na unidade básica de saúde, onde pratica tudo sobre as questões médicas e cirurgias ambulatoriais, como forma de retribuir ao país os estudos recebidos. Depois deste ano, temos que prestar um exame para receber o titulo de médico. Se não passarmos, temos que repetir os estudos.

A Gazeta Cidade de Pinhais: Qual a sua percepção do SUS e a saúde em Pinhais?
Dr. José Hector: O SUS é algo magnífico, apenas não é possível atender toda a demanda. Em Pinhais, o controle da hipertensão, o tratamento da dependência química, os exames pré-natais, o bom suporte na atenção primária de saúde, são programas da Prefeitura Municipal que diferencia a cidade de outros municípios.

A Gazeta Cidade de Pinhais: Que conselho daria para os munícipes de Pinhais para manterem uma boa saúde?
Dr. José Hector: As pessoas precisam se informar e participar de todas as oficinas oferecidas pelo município, como de hipertensão, diabetes, nutrição, tabagismo, ginástica e alongamento. Existem muitas atividades realizadas pela prefeitura objetivando a manutenção de uma boa saúde. É preciso uma educação em saúde. Precisamos mudar os hábitos alimentares e os comportamentos sociais. As pessoas também não deveriam consumir tanto medicamento.

A Gazeta Cidade de Pinhais: Por que decidiu vir para o Brasil?
Dr. José Hector: Eu já conhecia o Brasil. Em 2007, morei por quatro meses aqui. Gostei tanto que optei por fazer seu mestrado na Universidade Federal do Paraná, em diagnóstico de combate ao câncer com infravermelho. Quando estava cursando o Doutorado, minha esposa me inscreveu para o Programa Mais Médicos. Lembro que só fiquei sabendo da inscrição quando recebi uma ligação de Brasília para assinar o contrato, com validade de três anos.

A Gazeta Cidade de Pinhais: Qual a sua impressão do Programa Mais Médicos?
Dr. José Hector: Este Programa é um ótimo início, mas o Brasil ainda precisa de mais médicos especialistas. Espero que seja dada sequência ao projeto. É visível o avanço na saúde do país.

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