quarta-feira, 24 de abril de 2024
Novo secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Piraquara fala dos desafios e projetos em sua área

Novo secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Piraquara fala dos desafios e projetos em sua área

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Foto: Bruno Oliveira

Gestão participativa e uma cidade bem cuidada são os principais objetivos de trabalho do recém empossado secretário de Piraquara. Graduado em Biologia e Especialista em Conservação da Biodiversidade e Educação Ambiental, Leverci Silveira Filho é o novo Secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Piraquara. Com bastante experiência de trabalho na área, ele lecionou Biologia, passou pela Universidade Livre do Meio Ambiente, Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Instituto Ambiental do Paraná, Conselho Estadual de Meio Ambiente e Conselho do Litoral, além do terceiro setor. Com alguns projetos em andamento, ele falou ao jornal A Gazeta Metropolitana sobre os desafios do município e a importância de uma gestão participativa, que é um de seus principais objetivos.

 

A Gazeta Metropolitana: O Senhor já conhecia Piraquara, suas características e especificidades ambientais?

Secretário Leverci: Sim, tive a oportunidade de coordenar o Plano Diretor do município na Câmara Municipal há alguns anos, lecionei no presídio, moro no município vizinho, Quatro Barras, e já tive a oportunidade de desenvolver alguns projetos aqui na região.

 

A Gazeta Metropolitana: Quais são os principais desafios que Piraquara enfrenta, hoje, nas questões ambientais?

Leverci: Piraquara é um município desafiador e muito interessante do ponto de vista ambiental porque é uma área sensível e de transição entre diferentes regiões. É uma área de nascentes, aqui nasce o Rio Iguaçu, que cruza o Estado. Então, todo esse patrimônio natural, a biodiversidade, a riqueza de recursos hídricos torna desafiador trabalhar a questão do uso e ocupação do solo, as atividades humanas, o desenvolvimento economicamente de uma área tão sensível, além de assentar as pessoas de maneira que seu uso seja compatível com a capacidade de suporte do meio. Ao mesmo tempo que estamos em um lugar que abastece com água mais de 50% da Grande Curitiba, temos uma das maiores áreas de ocupação irregular do Estado, em vias de regularização. Por isso, é um grande desafio trabalhar nesta cidade cheia de antagonismos, um local extremamente rico com um grande poder de desenvolvimento.

 

A Gazeta Metropolitana: Na área do Urbanismo, como a Prefeitura pretende lidar com o grande número de novas construções pela cidade, e qual o impacto disso?

Leverci: Em março foi publicado o Decreto estadual 745/2015, que altera os padrões de parcelamento de solo, a criação de condomínios e as fragmentações de terrenos em áreas de mananciais. Como nosso município se encaixa nessas características, irão acontecer mudanças importantes no ponto de vista das pressões imobiliárias, pois em vez de construir várias casas, aumentam as áreas de solo que devem ser deixadas sem habitação, reduzindo o impacto ambiental. Nesta mesma linha, foi publicado um Decreto regularizando a implantação de parques na Região Metropolitana, e Piraquara foi um dos municípios contemplados por ter várias áreas em Unidades de Conservação, o que já contribui para a preservação do meio.

 

A Gazeta Metropolitana: E como serão viablizados esses projetos?

Leverci: Para essa implantação devem acontecer investimentos federais e estaduais, mas esses Decretos já são considerados avanços. Em Piraquara, é preciso pensar e planejar bem o uso do solo, em meio a tantas áreas de preservação, UTPs, APAs, parques, o tombamento da Serra do Mar, os mananciais, ao mesmo tempo em que aproximadamente 105 mil habitantes precisam desenvolver suas atividades. E para que isso aconteça da maneira mais harmoniosa possível, estão sendo elaborados todos os ordenamentos e planos necessários. Inclusive, já foi contratada, através de licitação, uma empresa para desenvolver o Plano de Saneamento Básico, trabalhando questões como os resíduos sólidos, esgoto, coleta e tratamento, abastecimento público e macrodrenagem.

 

A Gazeta Metropolitana: Que outras ações estão sendo ou serão realizadas na área?

Leverci: Outro Plano que será desenvolvido, em breve, é o da Habitação e Interesse Social, que vai traçar as diretrizes para as moradias no município. Esses trabalhos demoram, no mínimo, seis meses para serem desenvolvidos, e em paralelo a isso estamos finalizando o Termo de Referência para o processo de licitação para o Plano de Desenvolvimento Sustentável, para discutir questões específicas, além de revisar o Plano Diretor do Município. Para a elaboração desses Planos uma das etapas é o controle social, a participação da população em audiências públicas, onde ela pode ajudar a solucionar seus próprios problemas, já que a cidade é feita de pessoas, e ninguém melhor do a população para participar desse processo.

 

A Gazeta Metropolitana: Com o aumento cada vez maior da frota de veículos, o senhor acha que existe a necessidade de mudanças nos pontos mais movimentados da cidade?

Leverci: A questão da mobilidade também vai ser revista e discutida, certamente algumas medidas serão tomadas. Isso já é um interesse do prefeito, que é engenheiro, tem a vivência do município e percebe que existe a demanda, a necessidade de fazer algumas intervenções para melhorar o fluxo de veículos. Recentemente, aconteceram importantes mudanças na área central, e outras estão sendo avaliadas. Uma das mudanças foi a implantação de novas vagas de estacionamento nas principais vias, feita justamente pela demanda já perceptível. Certamente, novas questões vão surgir com o desenvolvimento de projetos, dos Planos de Mobilidade e Diretor.

 

A Gazeta Metropolitana: Uma questão bastante comentada pela população é sobre os cães de rua. Como a Prefeitura está trabalhando com essa situação?

Leverci: Na educação ambiental, que acontece nas escolas, e com a população trabalhamos também a guarda responsável. Além disso, estamos com o projeto de castração e microchipagem de cães. Todas as ações são cadastradas com protocolo e termos, para que as pessoas estejam cientes de que o animal será capturado, tratado, castrado, microchipado e depois devolvido ao local de origem, conforme a legislação específica. Todas as informações importantes ficam registradas no microchip para que se tenha um controle maior da população de cães de rua. Nesta situação está em jogo a conservação do ambiente urbano, mas também o bem estar animal.

 

A Gazeta Metropolitana: E o que a Prefeitura espera alcançar com essas ações?

Leverci: A tendência é que as pessoas se conscientizem cada vez mais e não deixem seu animal solto, para que ele não cause danos e nem corra riscos, e assim aconteça uma redução gradativa dos animais de rua. Esse trabalho de castração e microchipagem está iniciando, temos tido bastante procura, e a tendência é que haja uma ampliação no atendimento. O trabalho acontece com cães de rua, mas as pessoas que têm um animal podem se cadastrar na Secretaria. E comprovando a dificuldade de arcar com os custos da castração de seu animal de estimação, a Prefeitura, através de convênios, trabalha para atender essa demanda.

 

A Gazeta Metropolitana: E quais as novidades com relação às feiras de adoção?

Leverci: As feiras de adoção vão acontecer com mais frequência, e as pessoas que adotarem animais nesses eventos têm o direito de que sejam castrados. O trabalho de educação ambiental, que acontece nas escolas, em eventos e de maneira informal, visa reduzir essas demandas, pois as pessoas devem se sentir responsáveis pelo lixo que produzem, pelos seus animais e pela cidade onde vivem.

 

A Gazeta Metropolitana: Quais são os próximos projetos e ações que o senhor está planejando para a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo em Piraquara?

Leverci: A área ambiental e urbana de Piraquara já teve grandes avanços nas últimas coordenações dessa Pasta, mas o principal desafio dessa gestão, e que é muito importante a nosso ver, é a participação popular. A ideia é desenvolver mecanismos para uma gestão mais participativa, e para isso é necessário ter instaurados e funcionando os Conselhos. Além disso, outras ações já estão encaminhadas, como a sinalização de vias e de logradouros, com os nomes das ruas nas placas; ações em parceria com outras instituições, como a Sanepar, na questão do uso público orientado das Barragens, que envolve esportes náuticos sem motor, lazer, pesca regulamentada. Outra prioridade é o trabalho de educação ambiental nas escolas e para toda a sociedade, sensibilizando o cidadão piraquarense da importância do lugar onde mora, da preservação de todo esse patrimônio natural e da guarda responsável. Planejamos também ampliar o atendimento do Disque Denúncia (0800-6441801); da poda verde; a conservação e manutenção dos cemitérios, que já tem acontecido; a importante recuperação do horto, com a produção de mudas para serem utilizadas no paisagismo do próprio município. Enfim, o trabalho agora é seguir a diretriz do prefeito, que é tornar a cidade cada vez mais humana, bem cuidada e justa.

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