sábado, 20 de abril de 2024
Outdoor que pedia o fim dos privilégios para os deficientes gera polêmica em Curitiba

Outdoor que pedia o fim dos privilégios para os deficientes gera polêmica em Curitiba

Câmara Municipal de Curitiba

A revelação de que os polêmicos outdoors “pelo fim dos privilégios a deficientes” foram uma ação do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPcD), anunciada na tarde do dia 1º, gerou polêmica na sessão da última quarta-feira, dia 2, na Câmara de Curitiba.

O vereador Chicarelli (PSDC) propôs uma moção de repúdio à campanha, mas retirou o requerimento depois de duas horas de debate sobre a iniciativa. Para os vereadores favoráveis, a medida chamou a atenção, em todo o país, para as dificuldades enfrentadas pela pessoa com deficiência (PcD). Outros parlamentares argumentaram que os recursos públicos deveriam ter sido aplicados em outras áreas, como na educação especial.

Convite para programas “Encontro” e “Fantástico”

A maior parte dos vereadores se manifestou a favor da iniciativa. “Eu, como único vereador a ter uma deficiência [a amputação do antebraço esquerdo], me senti representado”, defendeu Pier Petruzziello (PTB). “A campanha foi colegiada, do Conselho, e não da Prefeitura de Curitiba. Deu tão certo que a presidente da entidade [e secretária especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência], Mirella Prosdócimo, foi chamada para participar do programa ‘Encontro’, com a Fátima Bernardes. Domingo estará no Fantástico, também da Rede Globo”, revelou hoje cedo.

Direitos ao invés de privilégios

Petruzzielo apoiou o uso da palavra “privilégios”. “Ela foi proposital, justamente porque a maior parte das pessoas acha que temos privilégios. Mas o que existem são direitos. Pega um ponto crucial”, acrescentou. Pedro Paulo (PT) e o líder do prefeito da Casa, Paulo Salamuni (PV), também argumentaram que a estratégia não foi da Secretaria Municipal da Comunicação (SMCS), e sim do Conselho.

A favor da iniciativa

“Quando a notícia sobre o outdoor que falava no fim dos privilégios apareceu, na segunda-feira, dia 30, claro que repudiamos. Se fosse um movimento real, continuaríamos contrários, mas temos que entender que era uma peça publicitária, justamente para voltar a atenção aos direitos da pessoa com deficiência”, avaliou Julieta Reis (DEM). Professor Galdino (PSDB) já havia comentado a polêmica antes mesmo de iniciada a discussão sobre o requerimento de Chicarelli. “Tiro o jaleco pela primeira vez. O outdoor foi para chocar a população, levantar o debate, mexer com a consciência coletiva. Genial”, afirmou, em discurso durante o pequeno expediente da sessão. Colpani (PSB), Rogerio Campos (PSC) e Tico Kuzma (Pros) também se pronunciaram a favor da iniciativa.

Presidente da Comissão de Acessibilidade, o vereador Zé Maria (SD) avaliou que “o objetivo foi bom, mas a maneira [para chamar a atenção] poderia ter sido diferente, com uma caminhada cívica, por exemplo”. “Curitiba é a única capital que ainda tem escolas especiais, mas querem fechá-las”, apontou.

Contra a iniciativa

Para Chicarelli, a campanha foi “totalmente ridícula”. “O prefeito no mínimo deveria pedir a cabeça de sua secretária [Mirella]. A campanha foi provocativa e onerou os cofres públicos. Não quero acreditar que quem defende as pessoas com deficiência tenha aprovado isso [no Conselho]”, disse o autor do requerimento. Mauro Ignácio (PSB) definiu a ação como “equivocada, por não trazer ações concretas para a pessoa com deficiência, como o apoio para as escolas especiais”.

Pegos de surpresa

Chico do Uberaba (PMN) disse que até o líder do prefeito e o presidente da Casa foram pegos de surpresa e pensavam [na segunda-feira] em uma moção de repúdio. “Essa campanha enganou a cidade inteira. Não sou da área da publicidade, mas será que é assim que se chama a atenção?”, questionou.

Valdemir Soares sustentou que os vereadores deveriam ter sido avisados da campanha. Ele defendeu que a repercussão na imprensa nacional não será necessariamente positiva: “Tem muita gente ofendida. Não tem essa história de ‘ofendeu, mas deu resultado’.

 

Notas

ICI I

Serginho do Posto (PSDB) acusou o Instituto Curitiba de Informática (ICI) de “chantagear” a prefeitura. “Não é a primeira vez. Desde o dia 19 de outubro as pessoas que procuravam o Executivo para aderir ao Refic 2015 [Programa de Recuperação Fiscal] recebiam um protocolo e eram informadas que seriam chamadas novamente. Nesta semana o ICI finalmente entregou o sistema, mas parcialmente, porque o financiamento ainda não é calculado”, apontou.

ICI II

O vereador sugeriu que a Câmara Municipal convide o ICI a prestar esclarecimentos. “Há três anos o Município não consegue receber uma certidão do Tribunal de Contas, por falta de relatórios e balancetes”, completou. Serginho também lamentou as demissões anunciadas pela Electrolux em Curitiba: “A situação política tem trazido uma situação dificílima ao país. Diziam que o FHC deixou uma herança maldita. A pergunta é: ‘Qual será a herança deixada ao país [pelo atual governo]’?”.

Críticas

Chico do Uberaba (PMN) voltou a reclamar da prefeitura. “Cortar árvore centenária para plantar radar não pode”, declarou. O vereador criticou a gestão na área social e afirmou que o Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) “está engessado”. “A Rua XV fede [urina]”, completou.

Investigação

Os vereadores de Curitiba acataram, na sessão plenária de quarta-feira (2), requerimento de sugestão ao Executivo, de autoria de Jorge Bernardi (Rede), para que a prefeitura realize uma investigação sobre a utilização de um terreno localizado entre as ruas Inocêncio Coelho, Dra. Juraci Riquelme, Osmário de Lima e Antonio Monteiro, junto ao conjunto habitacional Iracema, no bairro Capão da Imbuia. O tema já foi debatido na Câmara Municipal, onde moradores se queixaram do uso do espaço como pátio clandestino para ônibus do transporte coletivo.

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