terça-feira, 23 de abril de 2024
Atenção plena ou piloto automático

Atenção plena ou piloto automático

por Cristiana Silva Lustoza de Almeida

Em meu antigo consultório tinha um adesivo na parede com um poema do Fernando Pessoa. Eventualmente alguns de meus pacientes entravam na sala e diziam: Nossa que legal! É novo? Eu respondia: Está aí desde o primeiro dia de consulta!

Eles geralmente se assustavam, porque afinal passavam ao menos uma hora da semana naquela pequena sala e nunca haviam notado inúmeros detalhes dela.

Funcionamos mais de 50% do tempo no “piloto automático”, executamos ações sem perceber realmente o que estamos fazendo. É claro que para algumas coisas isso é extremamente funcional, o nosso cérebro tem mecanismo de “economia” que insere nesse modo automático algumas atividades repetitivas do dia a dia como, por exemplo, dirigir. Isso nos poupa tempo e energia de ter que sempre reaprender algo que já foi inserido em nosso repertório. Porém, como diferenciar aquilo que deve do que não deve virar “automático”?

A prática do mindfulness ou atenção plena vem sendo amplamente discutida e aplicada dentro da Terapia Cognitivo-Comportamental e seus benefícios são comprovados por meio de neuroimagens que mostram a diminuição (a longo prazo) da amígdala cerebral, área conhecida como reguladora de emoções. E como fazer isso?

Pisar no freio é fundamental para dar inicio à pratica do mindfulness, não precisamos mudar a vida de uma hora para outra, nem ser mindful o tempo todo, mas sempre que conseguirmos e percebermos que estamos no “piloto automático” podemos voltar nossa atenção ao presente e às coisas que nos rodeiam. Observar sons, gostos, cheiros, pessoas. Lembre-se de que temos o hábito de vivermos no passado, remoendo acontecimentos e alimentando arrependimentos, ou no futuro, antecipando problemas e prevendo coisas que nos geram ansiedade.

Comece hoje a prática da atenção plena. Ao terminar este texto, em sua próxima refeição, esteja atento ao que vai comer, o gosto, cheiro, cores. Ao encontrar uma pessoa, pergunte como ela está, mas com a intenção de saber a resposta, e não por uma convenção social. Escute. Pare por alguns minutos do seu dia e perceba os sons que rodeiam seu ambiente de trabalho, estudo, lazer.

Vamos tentar?

Cristiana Silva Lustoza de Almeida
CRP: 08/17573
Psicóloga da Clínica Espaço Konsenti
(41) 3117-4546
Rua Doutor Goulin, 1400
Hugo Lange, Curitiba

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